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Pais de primeira viagem também têm depressão e precisam de atenção

Pesquisa sugere que cuidem mais da saúde mental de ambos os pais - iStock
Pesquisa sugere que cuidem mais da saúde mental de ambos os pais - iStock

Redação Publicado em 18/06/2021, às 10h02

Muito se fala sobre a depressão pós-parto em mães, mas é válido lembrar que pais também podem sofrer com isso. Um grande estudo, publicado na revista Pediatrics, descobriu que ambos os pais com um bebê na UTI têm risco de desenvolver a doença, com sintomas de depressão identificados em 33% das mães e 17% dos pais. Surpreendentemente, depois que o bebê foi para casa a probabilidade de relatar sintomas de depressão diminuiu significativamente para as mães, mas não para os pais.

"Nossas descobertas apontam para a necessidade de maior atenção à saúde mental dos novos pais durante a internação do bebê na UTI e após a alta", disse o autor principal do estudo, Craig F. Garfield. "Isso é crucial, não apenas para o bem-estar dos novos pais, mas também para o desenvolvimento ideal de seus filhos."

Um relatório técnico da Academia Americana de Pediatria de 2019 mostrou ampla evidência de que experiências adversas na infância, como depressão dos pais, têm maior probabilidade de aumentar o risco de uma criança de atraso ou comprometimento do desenvolvimento cognitivo, emocional e linguístico, bem como problemas comportamentais subsequentes. Pesquisas recentes também revelam que pais deprimidos têm menos probabilidade de se envolver em atividades parentais positivas, como ler para os filhos. 

Em seu estudo, Garfield e seus colegas observaram 431 pais de bebês prematuros, usando a Escala de Depressão Pós-parto de Edimburgo (EPDS), validada em quatro pontos de tempo: admissão na UTI, alta, 14 dias e 30 dias após a alta. Eles descobriram que o rastreamento para depressão nos pais que têm bebês na UTI pode prever a probabilidade de eles apresentarem sintomas de depressão no primeiro mês de vida do bebê em casa. Com o passar do tempo, as pontuações do rastreamento de depressão para as mães diminuíram mais de 10 vezes, mas os pais tendiam a manter sua pontuação inicial.

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"Essa diferença nos sintomas de depressão entre mães e pais após trazerem seus filhos prematuros para casa ressalta a importância de conversar com os pais, que podem nem mesmo estar cientes de que precisam de ajuda ou saber a quem recorrer quando estão em sofrimento persistente", explica Garfield. “Precisamos de programas na UTI que analisem ambos os pais quanto à depressão, eduquem proativamente a família sobre os sintomas potenciais e ofereçam suporte de saúde mental durante este período estressante na UTI, que leva à alta e depois de ir para casa”.

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