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Minimizar sucessos e aumentar falhas: por que fazemos isso?

Às vezes, assumimos o que vai acontecer em vez de esperar para ver o que realmente acontece - iStock
Às vezes, assumimos o que vai acontecer em vez de esperar para ver o que realmente acontece - iStock

Redação Publicado em 14/02/2022, às 16h30

A forma como interpretamos o mundo através das nossas experiências pode fazer com que muitas coisas não sejam tão claras como gostaríamos. Por exemplo: o chefe pode dizer “bom trabalho”, mas nos perguntamos "por que ele não disse 'ótimo trabalho'". 

O que acontece é que podemos acabar distorcendo nossas experiências, tirando conclusões precipitadas e pensando sempre no pior cenário. Quando fazemos isso, reduzimos nossos sucessos e maximizamos nossas "falhas”. Isso pode ser um processo tão automático que fica difícil identificar quando está acontecendo. 

Então, como fazer para ver as coisas de forma mais clara e com uma perspectiva mais equilibrada? É preciso prática, mas, como no enfrentamento de qualquer problema, o primeiro passo é a conscientização.

É mais fácil para o cérebro

Gostamos de processar informações rapidamente e usamos filtros para ajudar a fazer isso. Se acreditarmos que "eu não sou bom”, por exemplo, todas as palavras e comportamentos que apoiam essa afirmação apenas tornam tudo mais fácil.

Confira:

O cérebro não quer gastar energia tentando combater isso, então ele responde dependendo da distorção. Se algo causa ansiedade – como um olhar ou comentário curioso –, o sistema límbico é ativado e estamos em um modo chamado “luta ou fuga”, hiper focados na ameaça sem pensar criativamente ou considerando alternativas menos ameaçadoras.

A questão é que, às vezes, não há ameaça. Estamos pensando – e, provavelmente, acabamos pensando demais – quando questionamos as nossas habilidades e minimizamos as nossas realizações.

Quais são as distorções?

Entre as principais distorções que costumamos fazer estão:

  • Catastrófico: pegamos um pequeno incidente e pensamos no pior cenário;
  • Pensamento em preto e branco: vemos apenas possibilidades de tudo ou nada; 
  • Conclusões precipitadas: assumimos o que vai acontecer em vez de esperar para ver o que realmente vai acontecer;
  • Leitura da mente: acreditamos saber o que alguém está pensando sem muitas evidências

Ao rotular as distorções, pode ficar mais fácil entender e reconhecer qual é a sua.

Como lidar melhor com isso?

Uma armadilha fácil para as distorções é que elas são plausíveis. Quando algo acontece, tente pensar em outras cinco explicações possíveis para aquilo ocorrer. Este exercício envolve o córtex pré-frontal, tirando-o do modo de luta ou fuga, e expandindo nosso pensamento. Assim, estamos resolvendo problemas e não apenas focados em uma única opção.

Outra forma de lidar com as distorções é se perguntar: esse pensamento é útil? É possível perceber que muitos pensamentos, perguntas ou preocupações geram ansiedade.

Ganhar essa consciência pode tirar do caminho o pensamento distorcido. Perguntar e responder à pergunta sobre o próprio pensamento pausa o cérebro e a pessoa potencialmente vê o mundo de maneira diferente.

Além disso, ao examinar e tentar controlar as distorções é importante que estejamos atentos à forma como nos tratamos. A autocrítica é uma armadilha muito fácil de cair e, por isso, vale tentar falar consigo como falaria com um amigo. Ou, ainda melhor, com uma criança. 

Nesse último caso, a linguagem, provavelmente, seria atenciosa, solidária, e palavras mais duras como “burro” não seriam usadas. Essa abordagem também nos transforma em terceira pessoa e fica mais fácil visualizar a distorção.

Fonte: Harvard Health Publishing 

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