
Redação Publicado em 25/11/2025, às 10h00
Uma pesquisa publicada no periódico Menopause sugere que a masturbação pode ser uma estratégia não medicamentosa eficaz para amenizar sintomas comuns da transição menopausal.
Embora o tema ainda seja pouco discutido em consultas médicas, muitas mulheres relatam que a prática ajuda a regular o sono e melhorar o humor.
A menopausa costuma trazer alterações físicas e emocionais que podem afetar a qualidade de vida e até o desempenho no trabalho — como insônia, variações de humor e secura vaginal.
A terapia hormonal continua sendo o principal tratamento, mas existem contraindicações.
Segundo Justin Lehmiller, pesquisador do Instituto Kinsey, nos EUA, muitas mulheres enfrentam sintomas intensos, mas nem todas têm acesso ao tratamento ou podem usar hormônios — daí a importância de alternativas complementares.
Diversos estudos já mostraram que a atividade sexual traz benefícios fisiológicos. O orgasmo libera substâncias como endorfina e oxitocina, que reduzem a percepção de dor e promovem relaxamento. A estimulação genital também aumenta o fluxo sanguíneo na região, podendo melhorar a oxigenação dos tecidos e reduzir desconfortos.
Nesse novo estudo, pesquisadores analisaram 1.178 mulheres entre 40 e 65 anos, divididas entre perimenopáusicas e pós-menopáusicas. Cerca de 61% haviam se masturbado no último ano, e entre 10% e 13% usavam a prática especificamente para aliviar sintomas, índice maior que o de mulheres que usavam terapia hormonal.
Quem utilizava a masturbação como estratégia de cuidado avaliou-a como muito eficaz, com resultados semelhantes ao sexo com parceiro e superiores a suplementos ou exercícios de assoalho pélvico.
As participantes relataram benefícios diferentes conforme a fase da menopausa:
Perimenopausa: melhora de humor, menos irritabilidade e mais facilidade para dormir.
Pós-menopausa: melhora na dificuldade para iniciar o sono e, em menor grau, redução de dor vaginal e sensação de inchaço.
Muitas mulheres descreveram a prática como uma forma de autocuidado, capaz de reduzir a tensão e ajudar a reconectar-se com o próprio corpo.
Apesar dos benefícios relatados, o estudo identificou uma lacuna importante:
Apenas metade das mulheres afirmou que seu médico já conversou com elas sobre menopausa.
Menos de 8% disseram ter recebido alguma orientação sobre masturbação como ferramenta de cuidado.
Ainda assim, cerca de metade das mulheres perimenopáusicas afirmou que estaria disposta a tentar, caso um médico recomendasse.
Uma minoria relatou piora dos sintomas, principalmente mulheres com saúde geral mais frágil, dor pélvica crônica ou dificuldade para atingir o orgasmo. Por isso, a prática não substitui recomendações médicas e pode não ser adequada para todas.
Ensaios preliminares com acompanhamento por três meses mostraram que mulheres que se masturbavam regularmente (3 a 4 vezes por semana) apresentaram redução significativa dos sintomas, em comparação com períodos de abstinência.
Pesquisas fisiológicas sugerem que a prática pode melhorar a eficiência vagal, mecanismo que liga o corpo e o cérebro e está relacionado à regulação do estresse, do humor e da qualidade do sono.
Segundo os pesquisadores, os efeitos da masturbação nos sintomas da menopausa foram mais fortes para aquelas mulheres que conseguiam alcançar o orgasmo com regularidade. Isso sugere que ao menos parte dos benefícios tem relação com substâncias liberadas durante o clímax, como por exemplo a serotonina e a oxitocina.
Se estudos mais amplos e detalhados confirmarem os resultados, é possível que muitos especialistas em menopausa comecem a recomendar a prática às pacientes.
Fonte: PsyPost