Conselhos genéricos como aumentar o consumo de fibras e líquidos podem não gerar o efeito esperado quando o assunto é prisão de ventre. E o uso de laxantes naturais, como o sene, também não é uma boa ideia.
As informações acima fazem parte de um novo conjunto de diretrizes que acaba de ser aprovado pela Associação Dietética Britânica e publicado em dois periódicos internacionais: o Journal of Human Nutrition & Dietetics e o Neurogastroenterology & Motility.
A constipação é uma condição crônica que impacta significativamente a qualidade de vida de muita gente, além de causar prejuízos financeiros para os pacientes e para os sistemas de saúde.
O problema afeta até um em cada seis adultos e é um dos principais impulsionadores de consultas médicas e do uso de medicamentos sem receita.
Mas o que significa, afinal, estar constipado? Segundo os especialistas, você pode dizer que tem a condição se o intestino não funcionou ao menos três vezes nos últimos sete dias. Se isso acontece por mais do que três meses, a prisão de ventre pode ser considerada crônica.
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Ao contrário das diretrizes anteriores, as novas recomendações baseiam-se em inúmeras revisões sistemáticas e meta-análises rigorosas, com uma metodologia mais avançada para avaliar a qualidade de estudos científicos.
Um painel multidisciplinar de especialistas, incluindo nutricionistas, um gastroenterologista, um fisiologista intestinal e um clínico geral, revisou mais de 75 ensaios clínicos para criar 59 recomendações e identificar 12 prioridades de pesquisa.
Veja, a seguir, algumas recomendações que fazem parte das novas diretrizes:
Comer de 2 a 3 kiwis por dia durante pelo menos quatro semanas pode aliviar a constipação. Pode ser consumido sem a casca, embora mantê-la adicione fibras extras. O kiwi pode ser uma opção mais suave do que o uso de suplementos para constipação.
O alimento mais tradicional para quem sofre de constipação pode ser uma alternativa ao kiwi. A recomendação é comer de cinco a dez unidades ao dia.
Os especialistas também destacaram a utilidade desse alimento para quem sofre de intestino preso, mas ressaltaram que seria preciso consumir cerca de oito fatias ao dia para sentir os efeitos, o que é inviável para a maioria das pessoas.
Beber de 0,5 a 1,5 litro de água mineral por dia pode melhorar significativamente os sintomas em comparação com água com baixo teor de minerais, embora isso não aumente necessariamente a frequência dos movimentos intestinais. A preferência deve ser por águas ricas em magnésio ou sulfato.
Os especialistas sugerem que é sempre melhor incentivar mudanças na alimentação e ingestão de água em primeiro lugar. Mas se os suplementos forem necessários, psyllium (Plantago ovata) e óxido de magnésio são opções para as quais há evidência de melhora na frequência de evacuações e consistência das fezes. O ideal é que os profissionais de saúde prescrevam doses pequenas e aumentem aos poucos, se necessário.
Alguns probióticos também têm trazido resultados, de acordo com as análises, como é o caso do Bifidobacterium lactis e do Bacillus coagulans. Mas os especialistas alertam que ainda faltam mais estudos sobre os efeitos de diversas cepas.
Outros suplementos e alimentos usados rotineiramente contra constipação, como simbióticos, café, vitamina C, sene e outros, apresentaram evidências consideradas fracas.
Tatiana Pronin
Jornalista e editora do site Doutor Jairo, cobre ciência e saúde há mais de 20 anos, com forte interesse em saúde mental e ciências do comportamento. Vive em NY. Twitter: @tatianapronin