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Ignorar pessoas para ficar no celular pode ser indício de depressão

O hábito ganhou até um nome: "phubbing" - iStock
O hábito ganhou até um nome: "phubbing" - iStock

Redação Publicado em 10/08/2021, às 13h00

Você já saiu com alguém que dava mais atenção ao celular do que a você? Ou talvez você mesmo seja essa pessoa. O fato é que esse comportamento, considerado rude e irritante por muitos, já ficou tão comum que ganhou até um nome: “phubbing”. Derivado das palavras em inglês “snubbing” (esnobar) e “phone” (telefone), esse é o ato de ignorar os companheiros para prestar atenção em um telefone. E, embora possa ser comum essa mania de prestar mais atenção ao celular do que em alguém, isso pode ter sérias repercussões nos relacionamentos. 

Contudo, de acordo com um novo estudo da Universidade da Geórgia, há uma variedade de fatores que podem levar as pessoas a ignorar seus amigos em favor de uma tela eletrônica.

A pesquisa revela, por exemplo, associações entre depressão e ansiedade social no aumento de “phubbing”. As pessoas deprimidas tendem a ter esse comportamento com mais frequência, e pessoas socialmente ansiosas, que podem preferir interações sociais on-line a comunicação face a face, também podem ser mais propensas ao “phubbing”. 

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“E, claro, algumas pessoas com alta ansiedade social ou depressão têm maior probabilidade de se viciar em smartphones”, disse Juhyung Sun, autora principal do artigo.

A própria banalidade do “phubbing” sugere alguns insights fundamentais sobre como a tecnologia interrompe as interações sociais – e com que rapidez elas são aceitas e adotadas. “Observei que muitas pessoas usam seus telefones enquanto estão sentadas com seus amigos no café ou em qualquer hora de jantar, independentemente do tipo de relacionamento”, disse Sun. 

A pesquisadora considerou primeiro algumas razões por trás do “phubbing” e do vício em smartphones, como o hábito de ler constantemente notificações que aparecem na tela.

“As pessoas são realmente sensíveis a suas notificações. A cada zumbido ou som, nós, consciente ou inconscientemente, olhamos para nossos telefones”, disse ela.

Outra conclusão do estudo revelou que indivíduos gentis ​​têm uma frequência menor de “phubbing” na presença de seus amigos. Pessoas que têm a gentileza como um traço de personalidade tendem a mostrar comportamentos cooperativos, educados e amigáveis ​​em seus relacionamentos interpessoais e ambientes sociais, segundo Sun.

“Elas têm uma grande tendência de manter a harmonia social, evitando discussões que podem arruinar seus relacionamentos”, disse ela. “Em conversas cara a cara, as pessoas com altos níveis de afabilidade consideram o comportamento de ‘phubbing’ rude e indelicado com quem estão conversando”.

E embora pessoas agradáveis ​​possam priorizar amizades fortes, um estudo exploratório dos pesquisadores revelou que o “phubbing” também é mais provável na presença de três ou mais pessoas.

Essa dinâmica pode influenciar a prevalência de “phubbing” no contexto de um ambiente de trabalho.

“É irônico que, embora tantas pessoas acreditem que o comportamento de ‘phubbing’ seja rude, elas ainda o façam”, disse Sun. “A maioria das pessoas faz isso com outras quando estão em um grupo, pois parece mais aceitável. Na cabeça delas, por ser apenas uma pessoa usando o celular, as outras não vão perceber.”

Como alternativa, desativar ou virar a tela do telefone para baixo pode indicar uma demonstração de respeito por uma situação e foco em uma pessoa.

“Isso também é um sinal. 'Estou ouvindo o que você está dizendo, esta reunião é importante e estou me concentrando em você'”, disse Sun.

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