Transtorno afetivo sazonal ou depressão de inverno é um tipo de distúrbio relacionado às mudanças nas estações
Cármen Guaresemin Publicado em 15/07/2025, às 10h00
Transtorno afetivo sazonal (TAS) ou depressão de inverno é um tipo de distúrtbio relacionado às mudanças nas estações do ano – começa e termina aproximadamente nas mesmas épocas todos os anos. Se você é como a maioria das pessoas com TAS, seus sintomas têm início no outono e continuam nos meses de inverno, minando sua energia e fazendo você se sentir mal-humorado, instrospectivo e melancólico. Esses sintomas geralmente desaparecem com a chegada da primavera e do verão.
Países tropicais como o Brasil são reconhecidos por seus dias ensolarados, temperaturas médias elevadas e baixa amplitude térmica (pouca diferença entre as temperaturas mínima e máxima). Mesmo assim, no inverno, cerca de 1% da população é afetada pela depressão – ou ansiedade climática. Parece pouco, mas são mais de 2 milhões de brasileiros.
Os dados do Departamento de Psicologia Médica da King’s College/Universidade de Londres mostram que o problema é real: dias nublados, chuvosos e frios levam a alterações emocionais, no sono e no humor. A incidência é mais comum em países como Finlândia, Noruega e Suécia, mas na região Sul do Brasil, nos meses de outono e inverno, não é raro que os moradores apresentem alguns sintomas.
Não ignore esse sentimento anual como simplesmente um caso de "tristeza do inverno" ou um medo sazonal que você precisa enfrentar sozinho. Tome medidas para manter seu humor e motivação estáveis ao longo do ano.
Mestre em Análise do Comportamento, o professor do curso de Psicologia do UniCuritiba Guilherme Alcântara Ramos explica que a redução da luz solar atrapalha o funcionamento adequado do hipotálamo, região cerebral importante para a produção de hormônios e regula várias funções do organismo. No inverno, quando as noites são mais longas e escuras, ficamos mais sujeitos a alterações emocionais. De acordo com ele, a exposição ao sol estimula a produção de serotonina, dopamina e outros neurotransmissores que atuam no humor e na capacidade de lidar com o estresse e a ansiedade.
“Como psicóloga, eu enxergo as estações do ano não apenas como mudanças no clima, mas também como reflexo de ciclos internos que vivemos ao longo da vida. O inverno, por exemplo, representa um momento de pausa, recolhimento e silêncio. Ele nos convida a desacelerar e a olhar para dentro, algo que muitas vezes evitamos na correria do dia a dia”, afirma a psicóloga analítica junguiana Andrea Beltran.
Ramos conta que, no inverno, por causa do frio, as pessoas tendem a fazer menos atividades físicas e a sair menos de casa para encontrar amigos ou para atividades de lazer. Isso aumenta os sintomas, sendo importante adaptar a rotina e a vida social a atividades compatíveis com o clima deste período. O motivo da tristeza, abatimento e até estresse está associado à pouca luminosidade e menor exposição ao sol, que interferem na produção de serotonina e melatonina. Os sinais e sintomas podem incluir:
Andrea admite que esse período mais escuro e frio pode despertar sensações como tristeza, cansaço e até uma certa perda de propósito. Ela diz que nessa época muitas pessoas procuram seu consultório. “Mas será que isso é algo negativo? Nem sempre. Pode ser apenas o corpo e a alma pedindo descanso, pedindo uma pausa para se reorganizar. Assim como a natureza parece ‘parar’ no inverno para florescer na primavera, nós também precisamos desses momentos de quietude para nos renovar”.
Já a psicóloga e professora do UniCuritiba Daniela Jungles explica que o clima é um estressor universal e a maioria das pessoas reage, física e emocionalmente, em menor ou maior grau, às oscilações de calor, frio, chuva ou vento. Para lidar com o inverno sem abalar o emocional, ela ensina algumas boas práticas:
Para passar por esse tempo com mais consciência e cuidado, Andrea também indica algumas práticas simples que podem ajudar: permitir-se momentos de silêncio, escrever sobre o que se sente, acolher o que surge sem julgamento, criar pequenos rituais de aconchego — como tomar um chá quente, acender uma vela, ler algo que nutra o coração. Também é importante lembrar que tudo é cíclico. O inverno não dura para sempre, e ele prepara o terreno para a primavera florescer.
No entanto, Andrea diz que é importante diferenciar o recolhimento saudável do isolamento que faz mal. Ficar mais introspectivo é natural nessa época, mas quando isso se transforma em um distanciamento profundo, falta de energia para viver ou uma tristeza constante que não passa, pode ser um sinal de que algo precisa de mais atenção. A chamada “depressão sazonal” é real e é importante procurar ajuda de um psicólogo.
Os professores de Psicologia do UniCuritiba concordam e reforçam a importância de cuidar da saúde mental. Eles aconselham a não deixar que a ansiedade climática ou depressão de inverno se instale. É importante tomar medidas proativas para cuidar da saúde física e mental. Se você já sabe que o inverno afeta suas emoções, redobre os cuidados.
É normal ter alguns dias em que você se sente deprimido. Mas se você se sentir deprimido por vários dias e não conseguir se motivar para realizar atividades que normalmente gosta, consulte seu médico. Isto é especialmente importante se os seus padrões de sono e apetite mudaram, se você recorre ao álcool para obter conforto ou relaxamento, ou se se sente desesperado ou pensa em suicídio.
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