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EUA aprovam primeiro anticoncepcional de venda livre

A minipílula contém apenas um tipo de hormônio e deve ser tomada todos os dias, sem pausa - iStock
A minipílula contém apenas um tipo de hormônio e deve ser tomada todos os dias, sem pausa - iStock

A Food and Drug Administration, agência que regula medicamentos nos EUA, aprovou na quinta-feira (13) uma pílula anticoncepcional para ser vendida sem receita nas prateleiras dos EUA. A iniciativa, inédita no país, é considerada um marco que pode expandir significativamente o acesso à contracepção, segundo o jornal The New York Times.

O medicamento, chamado Opill (norgestrel), é uma “minipílula”, ou seja, um anticoncepcional composto apenas de uma versão sintética da progesterona. Por não incluir nenhum estrógeno, como as pílulas combinadas, a minipílula tem menos efeitos colaterais e contraindicações (embora não seja livre deles).

Opill se tornará o método de controle de natalidade mais eficaz disponível sem receita nos EUA – mais eficaz na prevenção da gravidez do que preservativos, espermicidas e outros métodos que podem ser adquiridos diretamente na prateleira. 

Para especialistas em saúde reprodutiva, sua disponibilidade pode ser especialmente útil para mulheres jovens, adolescentes e quem tem dificuldade em lidar com o tempo, custos ou obstáculos logísticos envolvidos na visita a um médico para obter uma receita de anticoncepcional.

A fabricante da pílula, Perrigo Company, com sede em Dublin, disse à imprensa que a Opill provavelmente estará disponível em lojas e varejistas online nos Estados Unidos no início de 2024. A empresa ainda não anunciou qual vai ser o preço do produto, uma questão importante para determinar quanta gente terá acesso ao método. Mas adiantou que terá um programa para consumidores que não tenham condições de pagar. 

O que é minipílula? 

As minipílulas são utilizadas nos EUA, no Brasil e em outros países há décadas, e têm como principal forma de ação o aumento do muco cervical, o que dificulta a entrada do esperma no útero. Elas também inibem a ovulação, embora uma estimativa do American College of Obstetricians and Gynecologists indique que 4 em cada 10 mulheres que utilizam a minipílula continuem a ovular.

Cada caixa de Opill inclui 28 drágeas, que devem ser tomadas no mesmo horário todos os dias, sem intervalo. Apesar da eficácia superior a outros métodos de venda livre, o The New York Times informa que a taxa de falha fica em torno de 7%. Pode-se inidicar a cartela em qualquer fase do ciclo (após se certificar de que não está grávida), porém o método só começa a fazer efeito após dois dias de tomada regular. Nessas 48 horas iniciais de uso, portanto, é preciso utilizar camisinha ou algum outro método contraceptivo. 

O principal efeito colateral da minipílula é um sangramento que surge sem aviso e não segue um padrão específico, o que pode ser inconveniente para muitas mulheres. A Opill também pode agravar doenças graves do fígado ou o câncer de mama, por isso quem tem ou teve essas condições deve evitar o método.

Tatiana Pronin

Tatiana Pronin

Jornalista e editora do site Doutor Jairo, cobre ciência e saúde há mais de 20 anos, com forte interesse em saúde mental e ciências do comportamento. Vive em NY e é membro da Association of Health Care Journalists. Twitter: @tatianapronin