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Estudo descobre que Covid-19 pode reduzir inteligência

A Covid-19 de longa duração pode incluir uma série de sintomas persistentes, como confusão mental - iStock
A Covid-19 de longa duração pode incluir uma série de sintomas persistentes, como confusão mental - iStock

Redação Publicado em 02/08/2021, às 14h00

As descobertas sobre os efeitos da pandemia do novo coronavírus na saúde humana não param. Uma das mais recentes mostra que a infecção da Covid-19 pode ter um substancial efeito negativo na inteligência. Um novo estudo em grande escala do Reino Unido, e publicado na The Lancet, fez consistentes descobertas de “confusão mental” entre pacientes que foram afetados por longo período pela doença.

Os pesquisadores analisaram dados de 81.337 pessoas que fizeram o Great British Intelligence Test (que faz uma série de testes cognitivos) em 2020. Destas, cerca de 13.000 relataram que contraíram Covid-19, sendo que 275 delas completaram o teste antes e depois da infecção. Aquelas que já tinham tido o coronavírus acharam mais difícil completar tarefas relacionadas ao raciocínio, resolução de problemas e planejamento espacial, disseram os autores. Os pesquisadores fizeram o controle por idade, educação e disposição geral.

A equipe afirmou que os resultados estavam de acordo com relatos de quem teve a doença por períodos mais longos, com confusão mental, dificuldade de concentração e de encontrar as palavras corretas, sendo sintomas comuns. Para eles, a recuperação da infecção por Covid-19 pode estar associada a problemas particularmente pronunciados em aspectos da função cognitiva superior.

Diminuição do QI

A extensão da memória de trabalho e o processamento emocional não parecem ter sido afetados. A gravidade do declínio cognitivo parecia estar ligada à gravidade da infecção. Os pesquisadores disseram que aqueles que precisaram de ventilação durante a doença mostraram os efeitos mais substanciais. Em média, a pontuação de QI (quociente de inteligência) caiu sete pontos.

Os autores do estudo afirmaram que a escala do déficit observado não era insubstancial, e que imagens cerebrais são necessárias antes que conclusões firmes possam ser tiradas. “É importante ter cuidado ao inferir em uma base neurobiológica ou psicológica dos déficits observados sem dados de imagens cerebrais, embora as tarefas de avaliação usadas aqui tenham mostrado mapear diferentes redes dentro do cérebro humano em termos de atividade funcional normal e conectividade, assim como danos à rede estrutural ”, escreveram.

Os pesquisadores especulam que febre alta e problemas respiratórios podem ter contribuído para o declínio cognitivo. Mas esses sintomas há muito se dissiparam para a maioria das pessoas no estudo – os autores observaram que apenas 4,8% delas relataram sintomas persistentes.

O estudo fornece uma visão sobre uma parte do pós-Covid – condição que foi acompanhada de perto pelo CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças) dos Estados Unidos. De acordo com a agência, a Covid-19 de longa duração pode incluir uma série de sintomas persistentes vários meses após a infecção, incluindo falta de ar, dor de cabeça, dor nas articulações ou musculares, tontura e dificuldade em pensar ou se concentrar, ou seja, confusão mental.

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