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Carnes processadas podem aumentar o risco de demência, sugere estudo

Perda de memória, falta de atenção e confusões não são, necessariamente, características da idade avançada - iStock
Perda de memória, falta de atenção e confusões não são, necessariamente, características da idade avançada - iStock

Redação Publicado em 01/04/2021, às 10h17

Envelhecer nem sempre está ligado à perda de memória e à dificuldade cognitiva de realizar tarefas rotineiras. Quando esse tipo de situação ocorre, normalmente tem um motivo: demência. 

A doença de Alzheimer, por exemplo, é a causa mais comum de demência, sendo responsável por 60 a 70% dos casos. Além disso, alguns outros fatores, como modo de vida e alimentação, também podem influenciar no processo e na evolução da demência.

Contudo, um novo estudo realizado pela Universidade de Leeds, no Reino Unido, mostrou que existe uma relação entre demência e a ingestão de alimentos processados, como salsicha, bacon e salame.

Como foi observado que carnes processadas fazem mal?

Para realizar esse estudo, os pesquisadores analisaram dados de cerca de 495 mil pessoas do UK Biobank, que possui informações genéticas e de saúde de voluntários no Reino Unido, com idades entre 40 e 69 anos.

No recrutamento para o projeto, cada participante preencheu um questionário dietético e completou avaliações dietéticas de 24 horas.

Isso permitiu aos pesquisadores estimar a quantidade total de carne que cada participante consumiu regularmente e quanto de cada tipo eles comeram.

O banco de dados também permitiu que eles identificassem quais participantes tinham o alelo genético APOE ε4, que é conhecido por aumentar o risco de demência de uma pessoa.

Depois disso, os pesquisadores usaram registros hospitalares e de mortalidade para identificar casos subsequentes de demência de todas as formas, como doença de Alzheimer e demência vascular, durante o período de acompanhamento de cerca de oito anos.

Dos participantes, em torno de 3 mil tinham todas as causas de demência. Estes incluíram 1.000 casos de doença de Alzheimer e 490 casos de demência vascular.

A partir disso, para estimar o papel do consumo de carne, os pesquisadores tiveram que levar em conta uma ampla gama de outros fatores que são conhecidos por afetar a probabilidade de uma pessoa ter demência.

Eles incluíram idade, sexo, etnia, educação e situação socioeconômica. Além disso, levaram em consideração fatores de estilo de vida, como fumo, atividade física e consumo de frutas e vegetais, peixe, chá, café e álcool.

Após esses ajustes, eles descobriram que cada porção adicional de 25 g de carne processada ingerida por dia estava associada a um aumento de 44% no risco de demência por todas as causas.

Esta ingestão também foi associada a um aumento de 52% no risco de doença de Alzheimer.

Em contraste, cada porção adicional de 50 g de carne não processada ingerida por dia foi associada a uma redução de 19% no risco de demência por todas as causas e uma redução de 30% no risco de doença de Alzheimer.

Os resultados para aves não processadas e consumo total de carne não foram estatisticamente significativos.

Comer grandes quantidades de carne processada também foi associado a um maior risco de demência vascular, mas a ligação com o aumento constante do consumo diário não foi significativa.

Como esperado, os pesquisadores notaram que ter o alelo APOE ε4 aumentava o risco de demência de 3 a 6 vezes. No entanto, não afetou significativamente as associações observadas entre dieta e demência.

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