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Cão e gato também podem ter câncer de próstata; castração reduz riscos

Animais não castrados têm maior probabilidade de apresentar problemas e desenvolver câncer nos órgãos reprodutores - iStock
Animais não castrados têm maior probabilidade de apresentar problemas e desenvolver câncer nos órgãos reprodutores - iStock

Cães e gatos estão se tornando cada vez mais presentes na vida das pessoas e até sendo considerados membros das famílias. Segundo o censo do IPB (Instituto Pet Brasil), nosso país é o terceiro em número de animais domésticos, contabilizando 149,6 milhões de pets. Novembro Azul é conhecida como a campanha de conscientização do câncer de próstata, e embora a enfermidade nos animais de estimação não seja algo comum, o mês também serve para lembrar os tutores sobre uma variedade de alterações prostáticas que interferem ativamente na qualidade de vida e no bem-estar dos machos, especialmente os mais velhos.

Existe uma série de benefícios acerca da castração, além de se tratar de um ato de amor e responsabilidade. Nos machos, a importância se dá pela redução de problemas de próstata, por evitar o câncer de testículos, diminuir os hábitos de demarcação de território e também por deixar o animal mais dócil, evitando brigas por dominância territorial, além de conter as fugas de casa, contribuindo no controle do tamanho populacional de cães e gatos nos municípios (tanto nas residências domiciliares – principalmente em sua parcela socialmente mais vulnerável), quanto em vias públicas, evitando acidentes como atropelamentos ou a proliferação de zoonoses.

“O Novembro Azul é importante para ressaltar que o câncer na próstata, além dos humanos, também afeta cães e gatos em diversas faixas etárias. É importante que os tutores fiquem atentos aos exames preventivos que possam identificar tumores silenciosos em estágio ainda inicial’, diz Monique Rodrigues, médica veterinária e CEO da franquia de clínicas pet Clinicão.

Qualidade de vida

Fernanda Ambrosino, médica-veterinária gerente de produtos pets da Ceva Saúde Animal, acrescenta: “A próstata é uma glândula que faz parte do sistema reprodutor do macho e que fica localizada na região pélvica do animal. Nos pets, o câncer de próstata é raro, mas quando os machos não são castrados, com o passar do tempo é comum que esta glândula aumente de tamanho e sofra outras alterações que podem impactar sua qualidade de vida”.

Monique explica que os tumores são causados por mutações genéticas desenvolvidas no decorrer da vida do pet e, normalmente, não há uma causa única específica. No entanto, fumaça de cigarro (convívio com tutores fumantes), substâncias químicas, alimentos ricos em gordura e obesidade são fatores de risco que podem aflorar essa doença nos animais. Em alguns casos, o surgimento do câncer não apresenta sintomas e sua evolução é silenciosa.

Devido à região anatômica em que a próstata se encontra, suas alterações podem promover diferentes sintomas que podem ser confundidos com problemas no sistema urinário, digestório ou até mesmo locomotor. Os sintomas mais comuns das alterações na próstata são a dificuldade em urinar, gotejamento de urina, sangue ou secreção, e infecções urinárias recorrentes. Dependendo do aumento da glândula, ela pode dificultar a evacuação, com o animal eliminando fezes bem fininhas, semelhante a uma fita.

Ainda como consequência desse aumento prostático, o pet pode apresentar dificuldades de locomoção pelo incômodo causado por este aumento. Entre as doenças que atingem a próstata do animal, a hiperplasia prostática benigna (HPB) é a mais comum, acometendo quase 100% da população canina sênior não castrada. “No animal com HPB, a próstata aumenta de tamanho e pode comprimir estruturas importantes como a uretra, o cólon e o reto do animal. Ela não é uma doença que traz riscos ao pet, mas pode promover muitos desconfortos”, comenta Fernanda.

Castração é prevenção

Outro problema comum que afeta a próstata nos pets são as prostatites, ou seja, inflamações da próstata que podem ser ocasionadas por bactérias. As prostatites bacterianas podem evoluir para infecção urinária e levar a outros quadros mais sérios para o animal, e se não tratadas de maneira adequada podem se tornar um problema crônico.

“A castração é a prevenção e o tratamento. Estudos mostram que os animais que são acometidos pela HPB e são diagnosticados precocemente têm redução do tamanho da próstata entre 70 e 80% nos 15 primeiros dias após a castração, melhorando sua qualidade de vida”, relata Fernanda. “Além disso, a castração também diminui os casos de prostatites, uma vez que a produção de testosterona reduzida também reduz a atividade da glândula, mantendo-a mais saudável”.

A médica-veterinária reforça que o indicado é que o pet seja castrado antes de atingir a puberdade, para evitar as doenças mencionadas e reduzir comportamentos de fuga, marcação de território, agressividade com outros animais, além de aumentar a expectativa de vida.

“Os animais não castrados são os que têm maior probabilidade de apresentar problemas e desenvolver câncer nos órgãos reprodutores, o que significa que apesar de não acontecer da mesma forma que nos homens, é preciso ficar atento e manter os exames em dia”, orienta a veterinária e especialista mineira Mariana Finamore.

Mariana diz que é fundamental fazer exames anuais periódicos, assim, como ocorre com os seres humanos. A especialista alerta ainda para outros problemas comuns que precisam de observação do tutor, principalmente em cães em idade a partir dos cinco anos. “Cistos e infecções são doenças ainda mais comuns e precisam de orientação e tratamento precoce”.

Em caso de diagnóstico positivo, o câncer pode ser tratado com radioterapia ou quimioterapia, de acordo com o grau da doença. Para diagnóstico precoce, a orientação é realizar um check-up anual com exame de sangue e ultrassom. “Esses dois exames são obrigatórios para manter a saúde de todos os animais e garantir o bem-estar do seu pet”, finaliza Mariana.

Castração gratuita

A Clinicão tem 29 anos, e sua primeira unidade fica em Guaratinguetá, interior de São Paulo. A preocupação com os animais é tanta que a rede começou a investir em um projeto voltado a tutores que realmente se importam e estão dispostos a se dedicar à qualidade de vida de seus pets: o Castramóvel.

A proposta é promover ações de castração e microchipagem em animais em situação de semidomicílio, bem como àqueles de tutores de baixa renda, protetores e ONGs, via serviços gratuitos e de educação para uma guarda responsável e pelo bem-estar animal. “É uma iniciativa de suma importância que, em parceria com os governos municipais, reforçará a nossa principal missão: o compromisso com o animal”, conta Monique.

Com base nas considerações acima e visando a diminuição desses problemas, a Clinicão desenvolveu o Castramóvel, projeto cuja proposta é promover ações de castração e microchipagem em animais em situação de semidomicílio, bem como nos animais de tutores de baixa renda, protetores e ONGs, via serviços gratuitos e de educação desse público para uma guarda responsável e pelo bem-estar animal.

Em Pinhalzinho, município de São Paulo, por exemplo, a ação de castração e microchipagem de animais realizada recentemente pelo Castramóvel alcançou o total de 307 procedimentos cirúrgicos, sendo eles 67 cães machos, 115 fêmeas caninas, 48 felinos machos e 77 fêmeas felinas. Além disso, não aconteceu nenhuma intercorrência. Não houve nenhum óbito ou complicação pós-anestésica ou pós-cirúrgica. Para saber mais sobre o projeto, clique aqui.

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Cármen Guaresemin

Cármen Guaresemin

Filha da PUC de SP. Há anos faz matérias sobre saúde, beleza, bem-estar e alimentação. Adora música, cinema e a natureza. Tem o blog Se Meu Pet Falasse, no qual escreve sobre animais, outra grande paixão.  @Carmen_Gua