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Canetas emagrecedoras podem aumentar risco de câncer de tireoide

Medicamentos para emagrecer não são isentos de efeitos colaterais que colocam a saúde em risco - iStock
Medicamentos para emagrecer não são isentos de efeitos colaterais que colocam a saúde em risco - iStock

Com as festas de fim de ano se aproximando as rabanadas, arroz – com uva passa ou não – panetones e afins tomam conta das mesas de diversas famílias. Depois de se esbaldar nas guloseimas, a promessa de iniciar uma dieta no ano seguinte é feita, mas nem sempre cumprida dados os desafios para perder peso e diminuir as medidas nas roupas. É aí que surgem as receitas, chás e remédios "milagrosos", vendidos com o intuito de ajudar a diminuir os quilos na balança, porém, nem sempre funcionam e não são isentos de efeitos colaterais que colocam em risco saúde de quem os utiliza em risco.

Certamente você já ouviu falar nas "canetas emagrecedoras" utilizadas no tratamento do diabetes tipo 2. Essas canetas fazem parte da classe dos análogos de GLP-1, que são receptores localizados em algumas células do pâncreas responsáveis pela liberação de insulina no organismo. Esse medicamento, além de diminuir a quantidade de açúcar no sangue, tem um efeito importante na diminuição de peso, melhorando a resistência à insulina. Porém, existem riscos associados ao uso...

Análogos de GLP-1 e câncer 

Um estudo recente de pesquisadores franceses, publicado em periódico da American Diabetes Association, sugere que esses medicamentos têm efeitos específicos na glândula tireoide, envolvendo potencialmente o desenvolvimento de câncer, particularmente de câncer medular de tireoide. Os pesquisadores chegaram a conclusão de que liraglutida e duglatida, entre outros análogos de GLP-1 usados por mais de 1 ano, aumentaram o risco de neoplasia tireoidiana.

Com base nesses achados, a Food and Drug Administration (agência reguladora de medicamentos) dos EUA contraindica o uso de liraglutida, dulaglutida, exenatida de liberação prolongada e semaglutida em pacientes com história pessoal ou familiar de câncer de tireoide. Os médicos devem estar cientes desse risco potencial ao iniciar um agonista do receptor de GLP-1 e monitorar cuidadosamente os pacientes expostos. É por isso que o uso indiscriminado desses medicamentos pode apresentar mais riscos à saúde do que alguns quilinhos a mais na balança.

Câncer de tireoide

O câncer de tireoide é a neoplasia maligna mais comum do sistema endócrino, ocupando, inclusive, a 8ª posição no ranking dos cânceres que acometem as mulheres no mundo.  De acordo com dados recentes do Inca (Instituto Nacional de Câncer), em 2022, este será o terceiro tumor mais frequente em mulheres na Região Sudeste e na Região Nordeste (sem considerar o câncer de pele não melanoma), representando mais de 13 mil novos casos entre 2020 e 2022. A radiação e a baixa ingesta de iodo são os principais fatores de risco para o desenvolvimento da doença que pode apresentar os seguintes sinais e sintomas:

  • Nódulo no pescoço, que às vezes cresce muito depressa
  • Dor na parte da frente do pescoço, que pode irradiar para os ouvidos
  • Rouquidão ou mudança no timbre de voz que não passa com o tempo
  • Dificuldade para engolir
  • Dificuldade para respirar, como se você estivesse respirando por um canudinho
  • Tosse que não passa e não é causada por gripe

Diante da suspeita, é muito importante procurar atendimento médico porque o diagnóstico precoce aumenta as chances de cura e melhora o prognóstico.

Ano novo, vida nova

Se você anda comendo um pouquinho a mais e está aguardando ansiosamente as delícias do final de ano na ceia de Natal: coma sem culpa, mas depois tente buscar novos hábitos, incluindo a prática diária de exercício físico e o consumo adequado de carboidratos, já que “canetas milagrosas” sem prescrição médica podem fazer mais mal do que bem.

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Anderson José

Anderson José

Estudante de medicina na Ufac (Universidade Federal do Acre), autor do podcast Farofa Médica e da página de Instagram @oiandersao