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Câncer de pâncreas: medicamentos comuns ajudam a prevenir, diz estudo

Prevenção é um dos objetivos atuais de médicos e pesquisadores para diminuir a mortalidade pela doença - iStock
Prevenção é um dos objetivos atuais de médicos e pesquisadores para diminuir a mortalidade pela doença - iStock

Redação Publicado em 23/06/2022, às 12h00

Estudo realizado por pesquisadores norte-americanos e publicado recentemente no periódico científico Cureus, trouxe importantes descobertas sobre este que é um dos tumores com maiores taxas de mortalidade em todo o mundo. A pesquisa avaliou a associação de medicamentos comuns e o risco de se desenvolver o câncer de pâncreas. O uso profilático de aspirina, metformina, betabloqueadores e estatinas, bem como a terapia combinada de aspirina e metformina, revelaram capacidade de diminuir o risco.

Esta foi a conclusão da equipe após verificar que a associação entre os benefícios associados a medicamentos simples, bem como a partir da combinação deles, pode resultar em redução do risco de câncer, com resultados animadores. Os pesquisadores destacam, no entanto, que nenhum destes medicamentos deve ser tomado sem a indicação médica, sobretudo com o objetivo de prevenção ou tratamento de um câncer. Em todas estas situações, deve haver acompanhamento de um médico especialista.

Há fatores de risco evitáveis já conhecidos associados ao aumento da incidência de câncer, como o tabagismo, obesidade e o consumo excessivo de álcool, destacaram os pesquisadores. Agora, com estes resultados, eles sugerem que haja um esforço em reforçar os estudos sobre os efeitos farmacológicos ligados ao retardo do início do carcinoma ou em sua prevenção.

Casos no Brasil

O câncer de pâncreas, em geral, apresenta comportamento agressivo e, ainda assim, não provoca sintomas nos estágios iniciais. Com o diagnóstico realizado tardiamente, as chances de cura ficam cada vez menores. Os registros mais recentes do Instituto Nacional de Câncer (Inca) são de 2020, com 11.893 mortes no país. Nos Estados Unidos, em 2021, foram diagnosticados para mais de 60 mil novos casos, e registradas mais de 48 mil mortes. As estatísticas também revelam, tanto lá quanto aqui, que os números são crescentes.

No Brasil, 2% de todos os casos de câncer diagnosticados são de pâncreas, e 4% do total de mortes são decorrentes da doença. O diagnóstico acontece, sobretudo, após os 40 anos de idade, sendo mais incidente entre 80 e 85 anos. Considerando o mau prognóstico, mesmo com todos os recursos e tratamentos disponíveis atualmente, os pesquisadores consideram que os resultados do estudo devam ser considerados e, com base neles, novas pesquisas devam ser realizadas em busca de terapias para retardar o desenvolvimento da doença.

Detecção precoce deficiente e prognóstico fatal são os principais motivos para que os estudos nesta área estejam focados na prevenção do desenvolvimento deste tipo de câncer.

Prevenção e tratamento

Como foi dito, o adenocarcinoma pancreático é um dos cânceres mais letais. Segundo Arnaldo Urbano Ruiz, cirurgião geral e oncológico, especialista em Cancerologia Cirúrgica pela Associação Médica Brasileira e Sociedade Brasileira de Cancerologia, o câncer de pâncreas em geral é bastante agressivo e não apresenta sintomas em sua fase inicial. “O diagnóstico costuma ser tardio, já com a doença em estágio bastante avançado. Quando se dissemina para o peritônio, geralmente podemos indicar Pipac para amenizar a ascite (inchaço abdominal causado pelo acúmulo de líquidos)”, explica o médico, citando o spray de quimioterápicos, aplicado por laparoscopia, com o objetivo de penetrar mais profundamente nos tecidos, potencializando os efeitos da quimioterapia.

No caso do câncer de pâncreas, tendo em vista a incidência crescente e prognóstico consistentemente ruim, a prevenção é um dos objetivos atuais de médicos e pesquisadores para diminuir a mortalidade pela doença. Existem fatores modificáveis bem conhecidos associados ao aumento da incidência. Alguns deles, por meio de simples mudanças no estilo de vida, podem resultar em ganho em qualidade de vida, reduzindo as chances da incidência deste e de diversos outros tipos de câncer, como é o caso da prática de atividade física, adoção de alimentação equilibrada, com restrição de gorduras e embutidos, e controle do tabagismo e consumo do álcool.

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