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Amor garante sexo bom? A ciência discorda

Compatibilidade sexual é fundamental para a satisfação no relacionamento - iStock
Compatibilidade sexual é fundamental para a satisfação no relacionamento - iStock

Redação Publicado em 31/05/2025, às 10h00

Muitos de nós pensamos que, se duas pessoas se amam, o sexo será incrível. Filmes, novelas e livros nos ensinam essa máxima, assim como mães, tias e avós.

Mas a ciência comprova essa premissa? Não exatamente. E o quanto isso importa? 

Compatibilidade e satisfação

Um estudo realizado em 2005, por exemplo, descobriu que a compatibilidade sexual é um preditor-chave de satisfação no relacionamento. E quando o sexo não é bom, as coisas ficam complicadas.

Para as mulheres, a incompatibilidade sexual foi associada a níveis mais altos de ansiedade e depressão.

Para os homens, a percepção de compatibilidade da parceira importava mais do que a experiência em si. Se a parceira achasse o sexo bom, eles ficavam felizes (mesmo que o sexo não fosse ótimo).

Percepção acima de tudo

Mas a percepção importa mais do que a realidade. Outra pesquisa, de 2013, revelou que acreditar que existe compatibilidade sexual é um preditor mais forte de satisfação do que ser compatível de fato, em termos de preferências ou níveis de desejo.

Em outras palavras, se os parceiros se sentem em sintonia sexual, eles são muito mais felizes em seus relacionamentos.

E se não houver sintonia?

Pesquisas mostram que a satisfação sexual nem sempre é garantida, mesmo em relacionamentos sérios. Quase 20% das pessoas casadas estão (involuntariamente) em um relacionamento sem sexo, de acordo com uma delas. 

Quando as necessidades sexuais não são atendidas, as consequências são graves. Um trabalho de 2016 descobriu que a satisfação sexual é um dos preditores mais fortes da felicidade no relacionamento, mais até do que amor ou do compromisso.

Outro estudo descobriu que quase 50% dos divórcios citam a insatisfação sexual como um fator importante.

Conclusão? Não, o amor por si só não garante um sexo incrível.

O que torna o sexo realmente bom?

Em artigo para a Psychology Today, a pesquisadora Alicia Walker, professora associada de sociologia da Universidade do Missouri, nos EUA, conta ter feito entrevistas sobre as experiências sexuais mais memoráveis ​​das pessoas para descobrir a resposta para a pergunta acima.

Segundo ela, as explicações foram surpreendentemente consistentes. Veja, a seguir, os principais fatores sugeridos pelos entrevistados. 

- A tal da química

O amor proporciona profundidade emocional, claro. Mas a química entre as pessoas é a faísca que incendeia tudo. Algumas entrevistadas comentaram terem tido o melhor sexo da vida com alguém de que não gostavam tanto assim. 

Isso inverte o roteiro do conto de fadas, explica a pesquisadora. Somos levados a acreditar que o amor garante a paixão, mas muitas pessoas se encontram em relacionamentos profundamente comprometidos onde a faísca simplesmente não existe.

"Amor sem química é como um carro sem gasolina: você pode ficar sentado nele o quanto quiser, mas não chega a lugar nenhum."

- Orgasmos

Para a maioria dos participantes, chegar ao orgasmo é inegociável. Mas nem todos veem dessa forma. Alguns participantes enfatizaram que, embora os orgasmos sejam ótimos, eles não são a única medida de um ótimo sexo. Para eles, o prazer tem mais a ver com conexão, sensação ou até mesmo com a própria expectativa.

De qualquer forma, se os orgamos estão ausentes com muita frequência, a frustração vai começar a surgir – isso é um fato.

- Conexão emocional

Para alguns, um ótimo sexo tem a ver com conexão emocional, o que nem sempre significa amor. Seja a sensação de segurança suficiente para se soltar, a emoção de algo novo ou a eletricidade da pura atração, as emoções desempenham um papel importante em um sexo inesquecível.

- Responsividade

Sexo ruim é como duas pessoas tentando acertar as notas num karaokê, mas sem ter sucesso. Por isso, prestar atenção de verdade muda tudo! Não se trata apenas de entusiasmo; trata-se de estar em sintonia com o seu parceiro.

Ser responsivo não é uma questão de técnica, e sim de presença. Se sua mente está em outro lugar, seu corpo também pode estar. É aí que entra a atenção plena sexual, ou seja, ficar atento ao momento presente e ao que acontece com o outro.

Como melhorar a compatibilidade sexual?

A boa notícia, segundo a pesquisadora, é que compatibilidade sexual não é apenas uma questão de sorte. Ela pode ser cultivada. Veja algumas dicas:

  • Conversem sobre isso.Pesquisas mostram que casais que discutem abertamente sobre sexo relatam uma satisfação significativamente maior. Evitar a conversa não faz os problemas desaparecerem, apenas gera um clima constrangedor.
  • Experimentem juntos.Pesquisas também indicam que casais que se comunicam ativamente sobre seus desejos e experimentam juntos relatam uma satisfação sexual significativamente maior do que aqueles que se baseiam apenas na "química natural".
  • Mantenham a curiosidade. As preferências sexuais mudam com o tempo. Por isso, conversas regulares mantêm as coisas frescas e evitam o tédio.
  • Priorize o prazer em vez do desempenho. Focar na diversão em vez do desempenho reduz a pressão e aumenta a satisfação. Menos pressão significa sexo melhor.

Recados finais

O amor é lindo. Mas se ele bastasse, todos os casais apaixonados estariam fazendo sexo de tirar o fôlego. E a gente sabe que não estão.

O melhor sexo, diz a autora, acontece quando os parceiros param de presumir que deve ser fácil e começam a priorizar ativamente o prazer, a comunicação e a adaptabilidade.

Qual é o verdadeiro segredo para um sexo incrível? É o esforço. Além de um pouco de química, muita comunicação e a disposição para aprender, ouvir e se esforçar.”

Fonte: Psychology Today