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Parei de tomar antidepressivo de uma hora para outra; o que fazer?

Se uma pessoa interromper o uso do antidepressivo de uma hora para outra pode desencadear uma série e efeitos - iStock
Se uma pessoa interromper o uso do antidepressivo de uma hora para outra pode desencadear uma série e efeitos - iStock

Redação Publicado em 10/02/2022, às 18h00

“Doutor, parei de tomar meu antidepressivo de uma hora para outra e hoje estou subindo pelas paredes. Muito ansioso e achando que tudo vai dar errado. O que fazer?”

Essa pergunta é muito importante porque, em primeiro lugar, ela mostra que as pessoas que tomam antidepressivo – ou qualquer tipo de remédio que tem efeito no sistema nervoso central – não podem parar de usar o medicamento de uma hora para outra por conta própria.

Esses remédios precisam ser prescritos pelo médico, é necessário acompanhar todo o processo de adaptação do nosso corpo aos efeitos desse antidepressivo, e o profissional também deve supervisionar o tempo de uso e a dose a ser utilizada. Eventualmente, ela aumenta ou diminui, de acordo com efeitos colaterais que podem aparecer. 

Assim, é fundamental ter o médico ao lado durante toda a trajetória, desde o momento de prescrever o medicamento até o fim do tratamento. É muito importante que essa última etapa, em que é realizada a retirada do medicamento, também seja feita sob supervisão profissional.  

Por que não pode parar sozinho?

Se uma pessoa interromper o uso do antidepressivo de uma hora para outra, uma série de efeitos podem acontecer. Primeiro, talvez o indivíduo não esteja totalmente tratado e volte a apresentar sintomas de ansiedade ou depressão.

Vale lembrar que os antidepressivos são medicamentos utilizados para uma série de objetivos, entre eles reduzir a ansiedade e a depressão.

Confira:

Outro ponto importante é que o organismo, ao longo do tratamento, se adapta ao remédio. Os neurônios (nossas células nervosas) têm receptores e neurotransmissores, que são responsáveis pela comunicação entre uma célula e outra. 

Por conta do medicamento, acontece todo um processo de adaptação da quantidade, da sensibilidade desses receptores e do número de neurotransmissores disponíveis para os efeitos desejados. Tudo isso faz parte de um longo caminho de ajuste do organismo. 

Assim, da mesma forma, para que seja retirado, o médico precisa supervisionar esse processo de adaptação, caso contrário a pessoa pode ter exatamente os mesmos efeitos colaterais descritos na pergunta: sentir que está subindo pelas paredes, muito ansiosa, achar que tudo vai dar errado e apresentar dificuldade de controlar o seu dia a dia e rotina.

É essencial que todos aqueles que tomam algum tipo de remédio com efeito no sistema nervoso central nunca parem de usá-lo por conta própria. É sempre importante buscar suporte de um profissional de saúde para que seja construída uma estratégia de retirada que, normalmente, envolve uma redução gradual do medicamento ao longo de algumas semanas.