Redação Publicado em 28/04/2022, às 12h00
As vitaminas são uma parte essencial da saúde geral, mas novas pesquisas sugerem que elas podem não desempenhar um papel tão importante nos resultados da Covid-19 quanto muitas pessoas pensam – e os especialistas enfatizam que confiar apenas nelas para proteção pode ser prejudicial. Para uma recente meta-análise publicada na revista Clinical Nutrition, pesquisadores da Universidade de Toledo, nos Estados Unidos, examinaram dados de 26 estudos diferentes com foco no papel das vitaminas – especificamente na C, na D e no zinco – no tratamento da Covid-19. Em última análise, eles descobriram que as vitaminas não diminuíram as chances dos pacientes de morrer da doença.
Os pesquisadores afirmaram que muitas pessoas cometem esse equívoco de que se consumir zinco, vitamina D ou vitamina C, isso pode ajudar no resultado clínico da Covid-19. Isso não é verdade, mas não quer dizer que as vitaminas sejam ruins ou desnecessárias – apenas que, a menos que sejam indicadas por um médico devido a deficiências, os micronutrientes não serão úteis na prevenção ou tratamento da Covid-19.
A seguir veja o que você precisa saber sobre as pesquisas mais recentes - e como determinar se está usando essas vitaminas da maneira certa.
Micronutrientes como vitamina C, vitamina D e zinco há muito são elogiados por suas propriedades de reforço imunológico – e é por isso que, no início da pandemia da Covid-19, os profissionais de saúde os consideravam como terapias em potencial. Para a nova análise, os pesquisadores procuraram determinar o quão úteis essas vitaminas são na prevenção da Covid-19 e na proteção contra doenças graves e morte.
Para fazer isso, eles releram 26 diferentes estudos revisados por pares que envolveram mais de 5.600 pacientes hospitalizados com Covid-19. Embora os pesquisadores não se propusessem a analisar especificamente a vitamina C, a vitamina D e o zinco, esses eram os micronutrientes nos quais os estudos aceitos se concentravam. Em todos os 26 estudos, nenhum dos pacientes que recebeu suplementação com vitamina C, vitamina D ou zinco viu quaisquer benefícios de mortalidade – o que significa que não era menos propenso a morrer – em comparação com os pacientes que não receberam suplementação. Os pesquisadores enfatizam que vitaminas não impedirão a morte por Covid-19 e essa é a maior mensagem para se levar.
Dos três micronutrientes, a vitamina D mostrou algum benefício para os pacientes com Covid-19: segundo os pesquisadores, a suplementação com ela foi associada a uma menor taxa de intubação e a uma internação hospitalar mais curta - mas os pesquisadores dizem que são necessárias mais evidências para apoiar essas descobertas. Em vez de tentar suplementar com micronutrientes, os pesquisadores dizem que é melhor se concentrar em uma terapia que já temos e que comprovadamente reduz drasticamente a incidência de doenças graves e morte por Covid-19: a vacina.
A equipe de pesquisa lembra que é importante que as pessoas entendam que tomar muitos desses suplementos não se traduz em melhores resultados. A outra mensagem importante é que a resposta para esta doença é a vacina. Os suplementos de micronutrientes não vão compensar a falta de vacinação ou fazer com que você não precise da vacina. A chave no combate da Covid-19 é a prevenção e não o tratamento. As únicas três coisas que podemos fazer, frisam, são vacinar, praticar o distanciamento físico e usar máscara.
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Embora esteja claro que as vitaminas não estão associadas à redução do risco de mortalidade por Covid-19, você ainda precisa de muitos nutrientes essenciais – e uma deficiência de qualquer um deles certamente pode afetar negativamente a capacidade do seu sistema imunológico de combater infecção. De certa forma, o corpo e seu sistema imunológico são como um carro. Você precisa de todas as peças funcionando e em bom estado, e, se retirar uma importante, ele não funcionará muito bem.
Como a suplementação para uma deficiência de vitamina afeta a Covid-19 e seus desfechos clínicos é algo que ainda não está totalmente claro. Um estudo recente publicado na revista PLOS One descobriu que pessoas com deficiência de vitamina D eram mais propensas a sofrer doenças graves ou morte por Covid-19. Mas os pesquisadores desse estudo concluíram que mais estudos eram necessários para determinar se e quando a suplementação de vitamina D em pessoas com deficiência poderia afetar os resultados clínicos. Os pesquisadores disseram saber que pessoas com baixos níveis de vitamina D se saem muito pior com Covid-19, mas não sabem se tomá-la no momento em que se é exposto fará diferença ou não.
Tomar vitaminas ou suplementos não é uma maneira confiável ou baseada em evidências de se proteger contra da Covid-19 – ou morrer por causa dela. E se você acabar tomando suplementos que não são necessários ou recomendados por um médico, aumentará o risco de efeitos colaterais ou até mesmo de toxicidade vitamínica. Se você é deficiente em alguma – o que se pode diagnosticar a partir de um simples exame de sangue – seu médico pode recomendar a suplementação. Suplementar com vitamina D especificamente, se houver deficiência, pode ajudar a saúde óssea, muscular, cardíaca e imunológica. Mas se você não tiver uma indicação médica para vitaminas, elas não afetarão seu resultado clínico se contrair a Covid-19.
Se você suspeitar que está com deficiência de alguma vitamina - e enquanto espera pelo aval do seu médico - pode considerar aumentar sua ingestão de frutas, vegetais e outros alimentos saudáveis. Isso porque, segundo médicos, os suplementos não podem substituir uma dieta saudável.
Quando se trata da Covid-19, os pesquisadores incentivam as pessoas a se concentrarem em métodos apoiados pela ciência para prevenir doenças graves e mortes – ou seja, vacinar-se e se atualizar com outras doses, além de usar uma máscara facial e distanciamento em áreas de alta transmissão. Mas, em última análise, as vitaminas não são um método confiável de proteção ou tratamento.
"O que estamos dizendo é o seguinte: se você não precisa desses suplementos clinicamente, não os tome pensando que protegem contra a Covid-19. Eles não vão impedi-lo de ter a doença e não vão impedir que você morra”, escreveram os pesquisadores.
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