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Tendência a ajudar os outros é universal, diz estudo

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Redação Publicado em 24/04/2023, às 16h00

Quando algum conhecido faz algum pedido simples, como pedir para você buscar um objeto em outro ambiente, trazer um copo de água ou mandar um recado a alguém, você sempre diz “sim”? E você acha que a cultura de cada povo pode determinar essa tendência a ajudar ou ignorar solicitações desse tipo? 

Segundo um curioso estudo sobre a capacidade humana de cooperação publicado na Nature Scientific Reports, existe uma propensão geral do ser humano a ajudar o outro, independentemente de onde as pessoas nasceram e cresceram. Ou seja: as pessoas são mais parecidas entre si do que muitos de nós imaginamos. 

Quantos pedidos simples você faz ou recebe?

Seja em grandes cidades da Inglaterra, Itália e Rússia, ou em aldeias rurais do Equador, Gana, Laos e Austrália, as pessoas apresentam uma tendência semelhante a ajudar as outras quando solicitadas. 

O estudo foi coordenado pelos pesquisadores Giovanni Rossi, da Universidade da Califórnia, nos EUA, e Nick Enfield, da Universidade de Sydney, na Austrália. Junto com outros pesquisadores, eles identificaram e analisaram mais de 1.000 solicitações feitas em ambientes domésticos e informais, a partir de gravações de vídeo do cotidiano de mais de 350 indivíduos (familiares, amigos e vizinhos) de 8 diferentes culturas e idiomas.

Veja, a seguir, algumas descobertas curiosas que os pesquisadores fizeram:

- No dia a dia, as pessoas tendem a pedir alguma ajuda simples (do tipo pedir para alguém pegar algum utensílio) a cada 2 minutos e 17 segundos, em média. E essa frequência, ou seja, o grau de dependência mútua, é constante em todas as culturas avaliadas, segundo os pesquisadores.

- Esses pequenos pedidos são atendidos com uma frequência sete vezes maior do que são recusados. As taxas médias de solicitações atendidas ficaram em torno de 79%; cerca de 10% foram rejeitadas e 11%, ignoradas.

- Nas raras ocasiões em que as pessoas recusam esse tipo ajuda, elas evitam dizer “não”e explicam o porquê de não poderem atender à solicitação.

- Os pesquisadores não chegaram a analisar pedidos de ajuda entre estranhos. Mas eles descobriram que o fato de a outra pessoa ser da família não interfere na frequência, nem das taxas de cumprimento, algo que surpreendeu os pesquisadores.

Quando a ajuda é maior, a coisa muda de figura

Os autores esclarecem a razão de não terem incluído pedidos de ajuda mais complicados na pesquisa, como compartilhar recursos escassos ou pedir uma quantia significativa de dinheiro emprestado. É que estudos anteriores, baseados em jogos econômicos, já mostraram que essas decisões "de alto risco", como são chamadas, são relativamente mais raras e dependem de normas e valores locais, além, é claro, do ambiente socioeconômico vigente.

Por outro lado, pedidos pequenos, ou “de baixo custo”, são generalizados e motivados por tipos semelhantes de necessidades que permeiam a vida de todos, qualquer que seja o país ou a cultura. 

Outro motivo escolhido para os pesquisadores terem se concentrado em pequenas solicitações é que, enquanto fazer um grande favor é algo que pode levar dias, pedidos pequenos geralmente são atendidos na hora ou pouco tempo depois. 

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