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Sete horas de sono é o ideal na meia-idade, diz pesquisa

À medida que envelhecemos, é mais comum observar alterações nos padrões de sono - iStock
À medida que envelhecemos, é mais comum observar alterações nos padrões de sono - iStock

Redação Publicado em 28/04/2022, às 15h00

Sete horas é a quantidade ideal de sono para pessoas na meia-idade ou mais velhas segundo pesquisadores da Universidade de Cambridge (Inglaterra) e da Universidade de Fudan (China). Além disso, dormir pouco está associado à piora do desempenho cognitivo e da saúde mental. 

O sono desempenha um papel importante na viabilização da função cognitiva e na manutenção de uma boa saúde psicológica, bem como ajuda a manter o cérebro saudável, removendo produtos residuais. 

À medida que envelhecemos, muitas vezes vemos alterações em nossos padrões de sono, incluindo dificuldade para dormir e permanecer dormindo, e diminuição da quantidade e da qualidade do sono. Acredita-se que esses distúrbios possam contribuir para o declínio cognitivo e transtornos psiquiátricos na população na meia-idade.

Quantidade ideal de sono

Publicado na Nature Aging, o estudo examinou dados de quase 500.000 adultos entre 38 e 73 anos. Os participantes foram questionados sobre seus padrões de sono, saúde mental e bem-estar, e participaram de uma série de testes cognitivos. Imagens cerebrais e dados genéticos também ficaram disponíveis para análise. 

Após explorar essas informações, a equipe constatou que a duração do sono insuficiente ou excessiva estava associada ao desempenho cognitivo prejudicado, como velocidade de processamento, atenção visual, memória e habilidades de resolução de problemas. 

Dessa forma, de acordo com os resultados, sete horas de sono por noite seria a quantidade ideal para manter o desempenho cognitivo, mas também uma boa saúde mental, com as pessoas experimentando mais sintomas de ansiedade, de depressão e pior bem-estar geral se relatassem dormir por mais ou menos tempo.

Confira:

Sono vs. declínio cognitivo

Os pesquisadores acreditam que uma possível razão para a associação entre sono insuficiente e declínio cognitivo pode estar na interrupção do sono de ondas lentas – "profundas". A pausa desse tipo de sono parece ter uma ligação próxima com a consolidação da memória, bem como o acúmulo de amiloide – uma proteína chave que, quando se desdobra, pode causar "emaranhados" no cérebro característicos de algumas formas de demência. Além disso, a falta de sono pode dificultar a capacidade do cérebro de se livrar de toxinas.

A equipe também encontrou uma relação entre a quantidade de sono e diferenças na estrutura das regiões cerebrais envolvidas no processamento cognitivo e na memória,  com mais alterações associadas ao tempo de sono maior ou menor que um período de sete horas.

Estudos anteriores também já mostraram que padrões de sono interrompidos estão associados ao aumento da inflamação, indicando uma suscetibilidade a doenças relacionadas à idade em idosos. Assim, ter um sono consistente de sete horas por noite, sem muita flutuação na duração, é importante para o desempenho cognitivo e para a boa saúde mental e bem-estar. 

Segundo os pesquisadores, as descobertas não permitem dizer de forma conclusiva que dormir pouco ou muito causa problemas cognitivos, mas elas apoiam essa hipótese. Ou seja, os achados sugerem que a duração insuficiente ou excessiva do sono pode ser um fator de risco para o declínio cognitivo no envelhecimento.

A equipe ressalta ainda que ter uma boa noite de sono é importante em todas as fases da vida, mas particularmente à medida que envelhecemos. Encontrar maneiras de melhorar o sono dos mais velhos pode ser crucial para ajudá-los a manter uma boa saúde mental e bem-estar, evitando o declínio cognitivo, em especial entre os pacientes com transtornos psiquiátricos e demências.

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