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Será que você é um alcoolista funcional? Entenda o termo e veja os sinais

Psiquiatras comentam o assunto - iStock
Psiquiatras comentam o assunto - iStock

Redação Publicado em 09/08/2021, às 13h00

Existe um certo estereótipo para alguém que é dependente de álcool, mas nem sempre isso corresponde à realidade. De acordo com Tiago Reis Marques, psiquiatra do South London and Maudsley NHS Foundation Trust e diretor executivo da centro de pesquisa psiquiátrica, Pasithea Therapeutics, nos casos mais comuns, o alcoolista tradicional bebe para ficar bêbado, mesmo que seja preciso uma quantidade enorme de álcool para chegar a isso, então não há como esconder seu problema.

“Essas pessoas geralmente acabam com vidas muito caóticas e desastrosas e tendem a vir de origens menos abastadas. Mas os alcoolistas funcionais também bebem muito como parte de sua rotina diária. Normalmente, eles tomam uma garrafa de vinho no almoço, talvez um gim com tônica na hora do chá e mais no jantar”, explica ele. Essas pessoas podem beber para se recompensar, quando se sentem infelizes ou com raiva.

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“Muitas vezes ficam sem beber por um período”, acrescenta o psiquiatra, “e farão muito disso, dizendo aos amigos que ‘não bebem durante a semana’, quando, na verdade, tudo o que estão fazendo é se fixar no na próxima vez que vão beber”.

Ele continua: “Com o tempo, eles desenvolvem uma alta tolerância ao álcool, então não estão bebendo o suficiente para sofrer sintomas físicos de abstinência quando passam um dia sem beber. Isso passa despercebido porque eles podem continuar com sua vida sem muito drama. Enquanto isso, eles correm um risco cada vez maior de desenvolver doenças hepáticas, problemas de memória e de humor”.

Um novo tipo de alcoolismo

Essa forma de beber e continuar sendo funcional foi notada recentemente. Em 2019, Iqbal Mohiuddin, um psiquiatra que trabalhava em um serviço antidrogas em Bedfordshire, notou que entre um terço e a metade de seus pacientes trabalhavam em empregos com cargos altos, em que beber muito era socialmente aceito.

Ele comenta: “Eles agem assim há anos, mas de repente estão tendo sintomas físicos, como enjoos pela manhã”.

Enquanto 75.000 britânicos são diagnosticados com alcoolismo a cada ano e recebem tratamento, estima-se que 7,5 milhões de pessoas apresentem sinais de dependência do álcool: “beber é ‘a parte mais importante do dia’ e eles se sentem ‘incapazes de viver sem o álcool’”, justificou Mohiuddin.

Do uso recreativo ao nocivo

Por conta de tudo isso, é importante lembrar que começar a beber com muita frequência ou ir aumentando as doses de bebida pode elevar o risco de a pessoa deixar de ter um padrão de uso recreativo para desenvolver um padrão de abuso de bebida, com efeitos nocivos que interferem em diversos aspectos da vida, como problemas no trabalho e no relacionamento.

Durante a pandemia, quando muita gente ficou em casa, houve menos limites e controle sobre o consumo de bebidas alcoólicas, mas isso não significa que se deve aumentar a frequência ou a quantidade de álcool a ser consumido. Afinal, isso, obviamente, pode trazer riscos e problemas para quem bebe e para toda a sua família.     

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