"E, no fim, o amor que você recebe é igual ao amor que você dá.” Essa frase, de autoria de Paul McCartney, finaliza a música “The End” (“O Fim”), a última canção gravada pelos quatro integrantes dos Beatles juntos, uma banda que sabia muito bem o que significa ser amado.
E não é que um pequeno estudo científico publicado no periódico PLOS One prova que Paul está certo? Quanto mais uma pessoa expressa amor, mais ela tem a sensação de ser amada. E isso, por sua vez, acaba gerando um senso de realização e bem-estar.
A conclusão é de uma equipe de pesquisadores liderados por Zita Oravecz, da Universidade Estadual da Pensilvânia, nos EUA. O grupo acompanhou os sentimentos e atos de amor diários de 52 pessoas ao longo de quatro semanas.
Durante o período, os participantes receberam mensagens seis vezes ao dia, perguntando sobre suas experiências relacionadas ao amor naquele momento específico. Cada resposta envolvia uma escala de 0 a 100, que avaliava o quanto as pessoas se sentiam amadas e quanto expresssavam amor desde a pesquisa anterior.
Os pesquisadores, então, analisaram as variações nessas respostas ao longo do tempo. O que eles descobriram? Que quando as pessoas expressam amor a outras, elas tendem a se sentir mais amadas logo em seguida.
No entanto, os participantes que sentiam receber amor não se mostravam mais propensos a expressá-lo depois. Ou seja: ninguém precisa ser amado para ser capaz de manifestar seu amor.
Os pesquisadores observaram, também, que a sensação de ser amado tende a durar mais do que a sensação de ter expressado amor.
Essas diferenças podem influenciar como as pessoas se beneficiam da experiência do amor, como no bem-estar psicológico e na saúde.
O amor geralmente não se manifesta em grandes gestos. O mais comum é que as pessoas vivenciem esse sentimento por meio de atos mais simples e regulares.
Essa é a base de uma teoria psicológica chamada “ressonância positiva”, que considera como os pequenos atos cotidianos de amor criam e fortalecem conexões.
Esses atos podem, em geral, ser divididos em duas categorias: dar amor e receber amor. Por isso os pesquisadores buscaram estudar como ambos se influenciam ao longo do tempo.
Os pesquisadores ainda avaliaram a felicidade geral dos participantes e perguntaram se eles se consideravam florescendo em suas vidas.
A resposta é fácil de ser adivinhada: os participantes que se sentiam amados foram mais propensos a se avaliar como estando em um estado de florescimento, algo importante para que alguém se sinta feliz.
As descobertas apontam para possíveis intervenções psicológicas que incentive as pessoas a expressar mais amor para que se sintam mais amadas.
Com base nos resultados, os autores fazem uma recomendação geral para que as pessoas melhorem sua sensação de bem-estar:
Vamos espalhar mais amor no mundo, expressando amor ao longo de nossas vidas diárias.”
Tatiana Pronin
Jornalista e editora do site Doutor Jairo, cobre ciência e saúde há mais de 20 anos, com forte interesse em saúde mental e ciências do comportamento. Vive em NY. Twitter: @tatianapronin