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O câncer da mama é um impedimento para uma relação?

Outubro é o mês da sensibilização para a luta contra o câncer da mama - iStock
Outubro é o mês da sensibilização para a luta contra o câncer da mama - iStock

Redação Publicado em 20/10/2021, às 16h00

Em outubro, o mundo une-se por uma boa causa: a sensibilização para a luta contra o câncer da mama, um problema de saúde pública que aflige milhões de mulheres de todas as idades. Por isso, inclusive, o mês foi até batizado de Outubro Rosa.

Como iniciativa educativa para marcar a data, o aplicativo internacional de paquera happn, em parceria com o movimento Vem Falar de Vida, concebido pela empresa farmacêutica Roche, realizou uma pesquisa com 1600 brasileiros de ambos os sexos sobre saúde e relações, incluindo o câncer da mama.

Os resultados mostram que 71% das pessoas entrevistadas consideram que tópicos de saúde mental e física devem ser discutidos com a pessoa que se tem interesse, mesmo que ainda não estejam numa relação séria, e 78,5% acreditam que a intimidade de um casal pode ser afetada por algum problema de saúde. 

Apesar disso, quando perguntadas se encorajavam as mulheres de suas vidas (mães, irmãs, amigas) a fazerem os seus exames periódicos, menos de metade das pessoas disse sim, independentemente da época do ano (48%) e uma parcela afirmou que sim, especialmente em outubro (11%), enquanto quase um terço confessou que não se lembrava de o fazer (30%) e 11% disseram simplesmente que não. 

Relações vs. saúde

Segundo a psicóloga Marcia Parga, especialista em psico-oncologia, a pesquisa demonstrou que existe uma preocupação com a saúde, inclusive no contexto das relações, mas que ainda não se traduz em atitudes concretas.

Perguntados se o câncer da mama pode ser um impedimento para iniciar uma relação com alguém, quase 10% responderam claramente que sim, 28% disseram que é difícil saber até estarem na situação e a maioria (62%) garantiu que não. Quando a questão é se a doença seria um impedimento à continuação de uma relação, 76% disseram que não, 7% disseram que sim e 17% responderam talvez. 

Muitas vezes as pessoas respondem o que se espera delas, no campo da idealização, por isso é importante confrontar com o comportamento em si, como no caso da pergunta sobre quem, na prática, incentivou as mulheres ao autocuidado", comenta Marcia Parga.

Para a psicóloga, a pesquisa retrata o aspecto contraditório do ser humano, com temas da modernidade que precisam ser trabalhados internamente, como a sua relação com a própria saúde e com o cuidar do outro.

Precisamos investir na tomada de consciência para formar uma rede de apoio voltada à prevenção para além do Outubro Rosa, pois o câncer de mama é um tema relevante o ano todo", sugere. 

Confira:

Se diagnosticado precocemente, o câncer de mama tem até 95% de chances de cura. Graças aos avanços da medicina, hoje, todos os tipos de câncer de mama são tratáveis. Na jornada da paciente, é essencial que se identifique o subtipo exato do câncer para que se inicie o tratamento correto no momento mais adequado. 

Para as mulheres já diagnosticadas com a doença, o acolhimento de uma rede de apoio formada por quem divide os momentos com elas, sobretudo o suporte do parceiro amoroso, pode fazer a diferença nesse processo. Essas pessoas muitas vezes precisam também aceitar suas próprias emoções, como medo e raiva, para se fortalecerem e apoiarem.

Seja no cuidado do dia a dia, em que a prevenção do câncer de mama precisa realmente fazer parte da vida e dos relacionamentos, seja na jornada das pacientes, essa rede de apoio precisa ser efetiva. Aí sim estamos falando de compaixão e empatia reais", conclui a especialista. 

Sobre o câncer de mama 

O câncer de mama se tornou neste ano o tipo de tumor mais comumente diagnosticado no mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde e com a Agência Internacional de Pesquisa em Câncer, ultrapassando o câncer de pulmão.

Projeções dessas mesmas instituições apontam que o número de pessoas diagnosticadas com câncer como um todo será quase 50% maior em 2040 do que em 2020. No Brasil, o número de novos casos de câncer de mama ao ano é de 66 mil, o que corresponde a quase 30% dos casos totais, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA).

O diagnóstico precoce é fundamental para aumentar as chances de vida, possibilitando tratamentos com melhores resultados e cirurgias menos invasivas. É possível buscar o cuidado mais adequado para cada momento e perfil de paciente. 

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