Doutor Jairo
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Não curto receber sexo oral e prefiro dar prazer; sou normal?

Seguidor diz que não gosta da sugestão de que receber sexo oral implica em submissão da mulher - Arte/Site Doutor Jairo
Seguidor diz que não gosta da sugestão de que receber sexo oral implica em submissão da mulher - Arte/Site Doutor Jairo

Não curto receber sexo oral porque não gosto da sugestão que o ato recebido implica em submissão da mulher. Prefiro dar prazer e, por mim, faria sexo oral na parceira o tempo todo. Sou normal?

Para começar, em sexualidade não existe certo, errado, normal ou anormal. Tem aquilo que vale para o casal. Está todo mundo de acordo com o que está acontecendo? Então tudo bem.

Você contou pra gente que não gosta de receber sexo oral porque você sente que existe uma sugestão de submissão da mulher. Mas perceba que essa é uma construção sua, é uma associação que você fez na sua cabeça, talvez baseada no que você ouve dos seus amigos ou no seu meio.

Na verdade, acho que primeiro você precisa perguntar para a sua parceira o que ela acha de fazer sexo oral em você, porque para a mulher, fazer sexo oral no homem pode fazer parte das experiências de prazer, ou ela pode sentir que isso amplia suas possibilidades de desejo, de prazer no jogo erótico da relação.

Então você dizer que você não quer receber sexo oral por achar que ela estaria sendo submissa talvez limite uma experiência que seja importante para ela também. Esse é um primeiro ponto para se levar em consideração.

Tudo bem você gostar de só fazer sexo oral. Mas será que ela ficaria satisfeita se você só fizesse sexo oral? Será que ela curte receber sexo oral? Pois, da mesma forma que você talvez não goste tanto, talvez ela também pfereria fazer a receber, e esse é outro ponto importante para se avaliar.

Você também disse que, por você, faria sexo oral o tempo todo, mas e o resto? Será que a penetração, a manipulação e outras questões que estão envolvidas no jogo sexual do casal estão sendo atendidas se você ficar só no sexo oral?

É importante perceber o que é uma construção nossa, e algo que a gente acredita, mas que não é necessariamente a mesma verdade para a parceira. Também vale pensar que eventuais construções que a gente fez ao longo da vida podem ser modificadas, transformadas nas experiências que a gente tem com outras pessoas.

Moral da história: não tem certo ou errado. Mas conversar é sempre uma boa estratégia. Se abrir para novas possibilidades é algo importante quando ampliamos as nossas possibilidades de experiência sexual.

Dr. Jairo Bouer

Dr. Jairo Bouer

Médico psiquiatra com formação na Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), biólogo pela UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), e mestre em evolução humana e comportamento pela University College London, além de palestrante e escritor. Twitter: @JairoBouerDr