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Falta de contato social acelera o envelhecimento, diz estudo

A conexão social desempenha um papel relevante na saúde física geral e na longevidade - iStock
A conexão social desempenha um papel relevante na saúde física geral e na longevidade - iStock

Um novo estudo da Clínica Mayo, nos EUA,  descobriu que pessoas socialmente isoladas têm maior probabilidade de apresentar uma idade biológica maior que sua idade real, e a morrer por diversas causas.

A pesquisa, publicada no Journal of the American College of Cardiology: Advances, sugere que a conexão social desempenha um papel relevante na saúde física geral e na longevidade, e deve ser abordada como parte integrante dos determinantes sociais da saúde, ou seja, dos fatores que governos e sociedades precisam levar em conta ao cuidar da saúde da população.

Para investigar o papel do contato social no envelhecimento biológico, os pesquisadores compararam o Índice de Rede Social e um eletrocardiograma (exame do coração) com inteligência artificial (AI-ECG) desenvolvido pela Mayo para estimar a idade biológica dos participantes. Os resultados desse exame então foram comparados com a idade cronológica, ou seja, real, dos participantes, um total de 280 mil adultos atendidos entre 2019 e 2022.

Pesquisas anteriores mostram que a previsão de idade por esse tipo de eletrocardiograma representa a idade biológica do coração. Os pesquisadores chamaram de “lacuna de idade positiva” o envelhecimento biológico acelerado, enquanto um valor negativo sugere envelhecimento biológico mais lento.

Os pesquisadores, então, avaliaram o nível de isolamento social dos participantes usando o Índice de Rede Social, que envolve seis perguntas de múltipla escolha distintas relacionadas às seguintes áreas de interação social:

- Pertencimento a algum clube ou organização social.

- Frequência de participação em atividades sociais por ano.

- Frequência de conversar ao telefone com familiares e amigos por semana.

- Frequência de frequentar igreja ou serviços religiosos por ano.

- Frequência de se reunir com amigos ou familiares pessoalmente por semana.

- Estado civil ou viver com um parceiro.

Cada resposta à pergunta recebeu uma pontuação de 0 ou 1, e as pontuações totais variaram de 0 a 4, representando diferentes graus de isolamento social.

Os participantes com uma pontuação mais alta no Índice de Rede Social - indicando uma melhor rede social – tiveram uma lacuna de idade AI-ECG menor, e isso se manteve verdadeiro em todos os grupos de gênero e idade.

O status da rede social influenciou significativamente o risco de mortalidade. Durante o período de acompanhamento de dois anos, aproximadamente 5% dos participantes morreram. Aqueles que tinham pontuações de índice social baixas, menores ou iguais a 1 tiveram o maior risco de morte em comparação com outros grupos.

Embora os participantes fossem 86,3% brancos não hispânicos, os dados do estudo apontam para a existência de disparidades de saúde. Os participantes não brancos tiveram lacunas de idade mais altas do que os brancos, especialmente aqueles com pontuações mais baixas no Índice de Rede Social.

"Este estudo destaca a interação crítica entre isolamento social, saúde e envelhecimento," afirmou Amir Lerman, cardiologista da Clínica Mayo e autor sênior do artigo.

O isolamento social combinado com condições demográficas e médicas parece ser um fator de risco significativo para o envelhecimento acelerado. Mas também sabemos que as pessoas podem mudar seu comportamento – ter mais interação social, exercitar-se regularmente, comer uma dieta saudável, parar de fumar, dormir adequadamente etc. Fazer e sustentar essas mudanças pode ser muito eficaz para melhorar a saúde geral."
Tatiana Pronin

Tatiana Pronin

Jornalista e editora do site Doutor Jairo, cobre ciência e saúde há mais de 20 anos, com forte interesse em saúde mental e ciências do comportamento. Vive em NY e é membro da Association of Health Care Journalists. Twitter: @tatianapronin