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Estudo: pessoas atraentes podem ter sistema imunológico mais forte

Brad Pitt e Angelina Jolie em foto do filme Sr. e Srª Smith - casal era considerado o mais bonito do mundo - New regency/Summit Entertainment/Weed Road Pictures
Brad Pitt e Angelina Jolie em foto do filme Sr. e Srª Smith - casal era considerado o mais bonito do mundo - New regency/Summit Entertainment/Weed Road Pictures

Redação Publicado em 19/02/2022, às 12h00

Uma equipe de pesquisadores da Texas Christian University descobriu que as pessoas vistas como mais atraentes tendem a ter um sistema imunológico mais forte. No estudo, publicado na revista Proceedings of the Royal Society B, foi pedido a voluntários que avaliassem o nível de atratividade das pessoas nas fotos.

Na maioria das sociedades humanas, algumas pessoas são consideradas mais ou menos atraentes do que outras. Nesse novo esforço, os pesquisadores se perguntaram por que isso ocorre. Eles teorizaram que provavelmente haja raízes evolutivas envolvidas - e a maioria das características evolutivas pode estar ligada ao sucesso reprodutivo. Eles teorizaram ainda que as pessoas que parecem atraentes podem ser melhores parceiras de reprodução porque são mais saudáveis do que a média.

Primeiro recrutaram 159 voluntários masculinos e femininos e fotografaram cada um sem maquiagem e com uma expressão facial neutra. Então, realizaram exames de sangue nos participantes para fornecer uma indicação da saúde geral – neste caso, a força de seus sistemas imunológicos, medindo os níveis de glóbulos brancos que combatem doenças. Os pesquisadores, então, pediram a 492 outros voluntários do sexo masculino e feminino para que avalissem as pessoas do sexo oposto nas fotografias quanto à sua atratividade.

Fotografia única

Os pesquisadores descobriram que aqueles que julgavam a atratividade dos outros com base em nada além de uma única fotografia achavam que as pessoas com sistemas imunológicos mais fortes eram mais atraentes, apesar de não saberem nada sobre isso – eles eram de alguma forma capazes de ver isso nos rostos que estavam olhando.

Também descobriram que as voluntárias do sexo feminino, em média, viam os homens com níveis mais altos de células NK (natural killer) em seu plasma como mais atraentes. Essas células atacam e matam as bactérias. Curiosamente, o inverso não era verdadeiro para os homens olhando para as mulheres. Os pesquisadores sugerem que isso ocorre porque as mulheres com níveis mais baixos de NK tendem a ter níveis mais altos de estrogênio.

Notavelmente, os voluntários foram solicitados a julgarem a atratividade das pessoas nas fotografias (não a julgarem o quão bonitas elas eram). Os pesquisadores frisaram que uma pessoa pode ser vista como atraente para os outros mesmo que não seja percebida como tendo uma aparência melhor do que a média.

Os resultados sugerem que a atratividade facial pode estar ligada a fatores imunológicos que podem ser transmitidos nos genes, mas isso não significa que não haja fatores culturais que também afetem as percepções individuais de beleza. Como cada um pesa isso não é claro.

Tema que intriga

Os padrões sociais de atratividade são afetados pelo estímulo da seleção sexual ou a beleza está nos olhos de quem vê? A resposta não é tão simples quanto escolher um lado ou outro. Mesmo Charles Darwin não achava que a beleza fosse um sinal de melhor saúde ou bons genes...

Constantes universais do que todos nós podemos achar bonito têm sido uma fonte constante de debate, com pouco consenso sobre o que elas podem ser (e muito menos se elas existem). No entanto, ao longo da história, todos os tipos de culturas humanas consideraram certas características físicas atraentes, enquanto desconsideravam outras.

Embora a noção de haver um padrão objetivo de beleza permaneça controversa, alguns pesquisadores propõem que as características faciais consideradas atraentes podem realmente ser marcadores de boa saúde, o que implica que nossa atração por elas pode potencialmente beneficiar a sobrevivência de nossa prole.

É uma ideia intrigante em teoria, mas carece de evidências de qualidade. Nesse contexto, os autores do estudo dizem que a pesquisa é a mais rigorosa sobre o tema até o momento, mas um estudo não é suficiente para determinar por que a estética humana existe e para que propósito evolutivo, se houver, a beleza facial pode servir. Mais pesquisas serão necessárias para replicar esses resultados e explorar o que está impulsionando a associação entre atratividade física e função imunológica.

Até lá, a beleza permanecerá um enigma.

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