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Covid-19: casos graves podem reduzir fertilidade masculina, diz estudo

Estudos anteriores já mostraram que a Covid-19 pode provocar problemas de ereção - iStock
Estudos anteriores já mostraram que a Covid-19 pode provocar problemas de ereção - iStock

Redação Publicado em 07/12/2021, às 18h00

A cada dia, médicos e cientistas estão aprendendo mais sobre os impactos de curto e longo prazo da Covid-19 para a saúde. De acordo com um novo estudo, realizado pela Universidade da Geórgia (Estados Unidos),o vírus tem potencial para afetar a fertilidade masculina.

O artigo, publicado recentemente na revista Nature Reviews Urology, revisou as formas como o SARS-CoV-2 é capaz de atingir e infectar as células dos testículos, especialmente em casos mais graves da doença. 

De acordo com os autores, estudos anteriores já sugeriram que alguns homens diagnosticados com a Covid-19 apresentaram problemas de ereção e no desempenho sexual. Além disso, outros mostraram ainda que a doença pode interferir na produção de testosterona, hormônio masculino ligado à fertilidade e à libido. 

Para a pesquisa, a equipe revisou as evidências disponíveis sobre a interação do vírus com as células do corpo, sobre o impacto de outros vírus SARS-CoV nos testículos e relatórios de pacientes para determinar como a Covid-19 poderia estar interagindo com tecidos testiculares.

O vírus entra nos testículos

Desde o início da pandemia, os cientistas determinaram que o SARS-CoV-2 pode infectar múltiplos órgãos em todo o corpo através de duas proteínas principais, que agem como uma porta pela qual o vírus é capaz de entrar na célula.

Os testículos produzem ambas as proteínas, tornando-as suscetíveis a infecções virais e a danos celulares potenciais. Segundo os pesquisadores, relatórios de autópsias mostraram algum tipo de entrada viral nos testículos, bem como efeitos colaterais, como: orquite (inflamação) e dor nos testículos.

Confira:

Os autores explicam ainda que danos persistentes em pacientes com Covid-19 grave também podem ocorrer dentro dos testículos, incluindo prejuízos à chamada barreira sangue-testículo, que funciona como uma parede para impedir a entrada de toxinas ambientais, vírus e células imunológicas do próprio corpo. 

Assim, se o testículo está sendo danificado por esta resposta imune do corpo e o vírus é capaz de interagir com a barreira sangue-testículo, há chances de uma redução na fertilidade, seja na quantidade de espermatozoides ou na qualidade do esperma.

O pior cenário, dizem os pesquisadores, é se o vírus danificar as células da linhagem germinativa do órgão, aquelas responsáveis ​​pela criação de novos espermatozoides, que podem ter efeitos duradouros na fertilidade e, até mesmo, levar a defeitos congênitos. 

Entretanto, os autores do artigo alertam que mais estudos precisam ser feitos para confirmar os danos – e suas dimensões – à fertilidade masculina e identificar abordagens que possam evitar que isso ocorra.

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