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Cirurgião relata como redes sociais influenciam procedimentos estéticos

Os procedimentos postados influenciam muitas pessoas a fazerem o mesmo - iStock
Os procedimentos postados influenciam muitas pessoas a fazerem o mesmo - iStock

Giulia Poltronieri Publicado em 25/03/2021, às 09h00

Diversos estudos mostram que, durante a quarentena, as pessoas têm passado mais tempo nas redes sociais. E um dos resultados decorrentes disso é a piora na autoestima

Segundo um artigo publicado no JAMA Facial Plastic Surgery, os aplicativos de mídia social, como Snapchat e Facetune, têm sido grandes responsáveis por um novo padrão de beleza para a sociedade de hoje, já que permitem a alteração da aparência em um instante.

No Instagram não é diferente. Basta acessar um ou outro filtro para ter um nariz mais fino, um olho maior e uma boca mais preenchida. 

Sobre isso, Alan Landecker, cirurgião plástico e membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), comenta que já chegou a receber em seu consultório pacientes em busca de procedimentos que os deixassem com corpos parecidos com os de celebridades.

“É uma coisa que gera ansiedade. Eu sempre digo que o corpo real é muito diferente do que as influenciadoras mostram nas imagens. Eu digo que as pessoas têm muitos defeitos, mas não os postam”, explica ele.

E, de fato, muitas das fotos que são publicadas nas redes sociais são montadas para parecerem perfeitas. Filtros, maquiagem, edição… o pacote completo para deixar o corpo o mais bonito — e irreal — possível.

Alan ressalta que as fotos servem como um exemplo para as seguidoras se espelharem. “A pessoa vê que a influencer fez um procedimento e quer imitar”, diz ele.

As redes sociais podem estar atreladas à dismorfia corporal?

Primeiro, é preciso explicar que dismorfia corporal, também conhecida como TDC, é uma doença psiquiátrica em que o paciente tem uma distorção da autoimagem. Ele nunca vai estar satisfeito com a aparência física. 

Segundo a fundação Body Dysmorphic Disorder Foundation, no Reino Unido, o transtorno afeta cerca de 2% da população mundial e costuma ter início na adolescência.

As redes sociais podem não afetar diretamente o transtorno, mas ver influenciadoras postando sobre a nova cirurgia do momento com certeza estimula a uma busca maior por procedimentos. “Temos muitas influencers que publicam fotos manipuladas, seja por maquiagem, edição ou filtro. E isso acaba criando um padrão irreal de beleza no sentido de haver uma perfeição que não existe. Nessa situação, as pessoas se comparam a esses padrões e ficam com ansiedade e insatisfação com a imagem corporal, o que as leva a procurar mais procedimentos cirúrgicos e estéticos”, justifica Alan.