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Cientistas mostram que tendência a assumir riscos é algo contagioso

Imagem Cientistas mostram que tendência a assumir riscos é algo contagioso

Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h38 - Atualizado às 23h55

Por que às vezes a gente decide assumir riscos e, em outras ocasiões, prefere a segurança? Segundo uma hipótese apresentada por neurocientistas, essa variação ocorre por que nossa decisão depende do grupo. Em outras palavras, se alguém do seu lado decidir apostar uma boa quantia em jogos de azar, é possível que você aposte também. Porém, se em outra situação as pessoas em volta forem mais conservadoras, é provável que você seja mais cauteloso. 

O trabalho, publicado no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), contou com 24 voluntários, que participaram de três diferentes tipos de teste. No primeiro, eles tinham que escolher entre receber, de forma garantida, 10 dólares, ou investir o dinheiro para, talvez, ganhar mais. No segundo, os participantes podiam ver o que os outros tinham decidido antes de fazer a escolha. E, no último experimento, eles tinham que tentar prever a decisão que o outro ia tomar.

A equipe, liderada pelo professor de psicologia John O`Doherty, do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech), descobriu que os voluntários foram mais propensos a assumir o risco no primeiro teste, quando não havia a influência dos outros. Já no teste seguinte, a escolha pela decisão mais segura, feita por algumas pessoas, inibiu um comportamento mais ousado na maioria dos participantes.

Durante os testes, os integrantes do estudo foram submetidos a exames de ressonância magnética funcional, que detecta atividades cerebrais. Os pesquisadores viram que uma região conhecida como núcleo caudado tem relação com a tendência a assumir riscos — quanto maior a atividade observada, maior a propensão a se arriscar. E ao ver outros participantes assumindo o comportamento, a atividade cerebral aumentava naquela área também, o que pode explicar o “efeito manada”.

Uma outra região do cérebro, conhecida como córtex dorsolateral pré-frontal, também se mostrou ativa no terceiro teste, quando os participantes tentavam adivinhar qual atitude seu par tomaria. Os pesquisadores acreditam que a conexão entre essa região e o núcleo caudado pode explicar uma suscetibilidade maior ou menor a tomar decisões de risco por influência do grupo.

Estudos desse tipo são importantes porque ajudam a compreender o que está por trás de comportamentos arriscados de adolescentes, bem como a prever as famosas “bolhas” do mercado financeiro.