Redação Publicado em 20/08/2025, às 10h00
Pesquisa publicada no European Journal of Preventive Cardiology constatou que dar mais passos todos os dias, bem como caminhar mais rápido, reduz o risco de ataque cardíaco, insuficiência cardíaca e derrame.
Emmanuel Stamatakis, diretor do Mackenzie Wearables Research, hub da Universidade de Sydney, Austrália, que supervisionou o estudo, afirmou em um comunicado à imprensa que este estudo é um dos primeiros a demonstrar uma relação dose-resposta entre a contagem diária de passos e os principais problemas cardíacos e vasculares. Em resumo, foi descoberto que, se você convive com pressão alta, quanto mais você caminha com maior intensidade, menor o risco de futuros eventos cardiovasculares graves. Essas descobertas corroboram a mensagem de que qualquer nível de atividade física é benéfico, mesmo abaixo da meta diária amplamente recomendada de 10.000 passos.
Como parte do estudo, os pesquisadores examinaram dados de mais de 32.000 pessoas cadastradas no banco de dados UK Biobank (grande estudo de longo prazo no Reino Unido). Os participantes tinham diagnóstico de pressão alta. Eles usaram acelerômetros no pulso por uma semana para medir a velocidade e a distância percorridas. Os pesquisadores descobriram que, em comparação com uma contagem diária de passos de 2.300 passos, dar mais de 3.000 passos por dia e fazer caminhadas regulares em alta velocidade estava associado a uma redução de 17% no risco de eventos cardíacos graves em pessoas com pressão alta.
Para cada 1.000 passos extras dados diariamente, houve uma redução de 22% no risco de insuficiência cardíaca, uma redução de 24% no risco de acidente vascular cerebral e uma redução de 9% no risco de ataque cardíaco.
“Nossas descobertas oferecem aos pacientes metas acessíveis e mensuráveis para a saúde cardíaca, mesmo abaixo de 10.000 passos diários. Os médicosevem promover a atividade física como tratamento padrão, especialmente para pacientes com pressão alta. Nossos resultados podem embasar novas recomendações de saúde pública personalizadas para esses pacientes. Recomendações futuras sobre caminhada para pessoas com pressão alta podem considerar a promoção de uma intensidade maior de passos”, disse Stamatakis no comunicado à imprensa.
O estudo se soma a um crescente corpo de pesquisas que demonstra que qualquer quantidade de exercício pode ser benéfica para melhorar a saúde cardiovascular. Cheng-Han Chen, cardiologista intervencionista e diretor médico do Programa de Cardiologia Estrutural do MemorialCare Saddleback Medical Center em Laguna Hills, Califórnia, que não participou da pesquisa, disse ao Medical News Today que esses resultados são significativos, pois demonstram uma relação dose-resposta muito clara entre caminhada e melhorias no risco cardiovascular, mesmo em níveis baixos de caminhada. “Eles indicam que mesmo alguma atividade física é melhor do que nenhuma, e que mais provavelmente é ainda melhor”, acrescentou.
O estudo também concluiu que dar passos adicionais acima de 10 mil por dia estava associado a benefícios adicionais na redução do risco de acidente vascular cerebral. De acordo com especialistas, caminhar tem muitas vantagens para melhorar a saúde, pois os benefícios são inúmeros, incluindo a melhora da função autonômica (o equilíbrio entre os sistemas vago e simpático), a melhora dos perfis cardiometabólicos, incluindo síndrome metabólica e diabetes, a redução da inflamação e a redução do estresse psicológico.
Um dos aspectos mais importantes da atividade física para melhorar o prognóstico é a melhora dos níveis de aptidão cardiorrespiratória. Caminhadas ou exercícios de maior intensidade (por exemplo, passos mais rápidos, corrida, etc.) melhoram ainda mais a aptidão física, mas, em comparação com o sedentarismo total, alguns passos melhoram a aptidão física pelo menos um pouco, e passos moderados provavelmente tiram as pessoas das categorias de aptidão muito baixa.
Os pesquisadores também encontraram benefícios no aumento do número de passos entre aqueles que não têm pressão alta. Eles examinaram dados de pouco mais de 37.000 pessoas sem hipertensão e descobriram que 1.000 passos extras por dia levaram a um risco 20,2% menor de eventos cardiovasculares adversos graves, 23,2% menor de insuficiência cardíaca, 17,9% menor de infarto do miocárdio (ataque cardíaco) e 24,6% menor de acidente vascular cerebral.
As Diretrizes de Atividade Física para Americanos recomendam que adultos precisem de 150 minutos de atividade física de intensidade moderada por semana. Uma maneira de conseguir isso é fazer uma caminhada rápida, cinco dias por semana durante 30 minutos.
Parveen Garg, cardiologista da Universidade do Sul da Califórnia (USC), afirma que o movimento é a prioridade e que o número de passos dados não precisa necessariamente ser o foco: “Eu digo aos meus pacientes: ‘Vejam, não vamos nos prender a esse número de 10.000’... Se nos concentrarmos apenas nisso como o limite, muitas pessoas vão se sentir fracassadas e podem não andar muito. Então, se mudarmos essa mensagem para ‘qualquer caminhada é benéfica’, essa será uma mensagem muito mais positiva para nossos pacientes”, recomendou.
Fonte: Medical News Today