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Suicídio é duas vezes mais comum em crianças negras nos EUA

Imagem Suicídio é duas vezes mais comum em crianças negras nos EUA

Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h54 - Atualizado às 23h53

Crédito: Fotolia

As taxas de suicídio de crianças de 5 a 12 anos, nos Estados Unidos, são duas vezes mais comuns na população negra. Os dados, que acabam de ser publicados no periódico Jama Pediatrics, mostram que houve uma mudança de padrão nessa faixa etária nos últimos 15 anos. Até então, a ocorrência era mais comum em brancos, e ainda é, quando se leva em conta outras idades.

De 2001 a 2015, de acordo com o estudo, foram registradas 13.341 mortes por suicídio entre crianças e adolescentes brancos, e 1.666 mortes entre negros. Mas quando se analisa apenas as mortes de crianças de 5 a 12 anos, o cenário se reverte. Já dos 13 aos 17 anos, as taxas voltam a ser cerca de 50% mais altas para as crianças brancas. Qualquer que seja a idade, jovens do sexo masculino são mais propensos a terminar a própria vida.

Os pesquisadores não sabem explicar essas diferenças. Eles ressaltam que a maioria dos trabalhos sobre fatores de risco para o suicídio infantil envolve brancos, e que é importante aprofundar as pesquisas para entender essas disparidades e direcionar políticas públicas. Questões como menor acesso aos serviços de saúde e envolvimento da família em situações de violência podem estar por trás dessa vulnerabilidade das crianças negras.

No Brasil, segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde no ano passado, cerca de 11 mil pessoas se suicidam a cada ano, sendo que a mortalidade é mais prevalente na faixa dos 70 anos ou mais. Mas o número de jovens tem aumentado. Entre jovens de 15 a 29 anos do sexo masculino, essa é a terceira principal causa de morte.

Na população indígena, a taxa é quase três vezes maior que a registrada entre brancos e negros. Vale destacar que índios de 10 a 19 anos representam 45% de todas as mortes por suicídio nessa faixa etária, ou seja, quase metade.

Os autores do estudo norte-americano, coordenados pelo epidemiologista Jeff Bridge, do Nationwide Children Hospital, encorajam os pais a falarem sobre o assunto com as crianças. Mas a verdade é que eles têm medo de trazer a ideia à tona. Seja qual for a decisão, é importante ficar atento a possíveis sinais de risco, como alterações de humor, tendência ao isolamento, sentimentos de desesperança, raiva, ansiedade e problemas de relacionamento na família ou na escola.