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Funcionários podem demorar para “pisar na bola” após períodos de estresse

Imagem Funcionários podem demorar para “pisar na bola” após períodos de estresse

Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h21 - Atualizado às 23h57

As empresas sabem que mudanças dramáticas no ambiente de trabalho, como demissões em massa ou a entrada de um chefe mais exigente, podem provocar alterações de comportamento nos funcionários. Mas um novo estudo sugere que muitos empregadores subestimam o tamanho do impacto por acharem que o prejuízo só ocorre imediatamente após a fase crítica.

De acordo com estudo da Universidade Estadual de São Francisco, nos Estados Unidos, muitos funcionários demoram semanas ou até meses para serem flagrados em comportamentos contraproducentes, como fazer almoços muito longos ou roubar material de escritório. Essas reações, frequentes após mudanças radicais no ambiente, custam bilhões de dólares às empresas. Mas, na verdade, o prejuízo pode ser bem maior do que se imagina.

O autor do trabalho, o professor de psicologia Kevin Eschleman, conta que as organizações não levam em consideração que a resposta de alguns funcionários vem com atraso, por isso não sabem qual o custo real de uma mudança.

Eschleman e sua equipe, ao contrário de outros pesquisadores que só avaliam o efeito do estresse logo após fatos importantes nas empresas, acompanhou funcionários de diferentes campos de atuação ao longo de seis meses após um período crítico.

Eles perceberam, que, como era esperado, o número de funcionários com desvios de comportamento aumentou logo após a fase de tensão. Mas eles também confirmaram sua tese e viram que, para alguns empregados, a reação demorou mais para surgir.

Para os pesquisadores, isso acontece porque alguns funcionários não têm oportunidade de se envolver nesse tipo de comportamento logo de cara. Ou, então, eles dão um tempo de maneira proposital, para diminuir o risco de serem pegos.

Por último, também há aqueles que se sentem capazes de “segurar a onda” no início, mas, depois de um tempo, acabam sucumbindo ao estresse. Isso é mais comum, segundo Eschleman, entre os trabalhadores mais cooperativos, responsáveis ou ambiciosos. Apesar de pessoas assim serem menos propensas a se envolver em comportamentos contraproducentes, quando agem dessa forma, isso ocorre mais tarde.

Em outras palavras, a personalidade de certos indivíduos pode fazê-los lidar melhor com um ambiente de trabalho mais tenso. Mas se a situação ficar ruim por muito tempo, até esses funcionários vão acabar fazendo algo errado. Por isso, as empresas devem pensar em formas de reduzir o impacto de mudanças bem antes de implementá-las a fim de minimizar os prejuízos.