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Videoconferência cansa mais para quem não se sente parte do grupo

Apenas 7% das pessoas não relataram sinais de cansaço provocados pela videoconferência - iStock
Apenas 7% das pessoas não relataram sinais de cansaço provocados pela videoconferência - iStock

Redação Publicado em 20/04/2021, às 12h30

As viodeoconferências podem ser mais exaustivas para aqueles participantes que não experimentam uma sensação de pertencimento ao grupo. Pelo menos é isso o que afirma uma nova pesquisa da Associação Americana de Psicologia

Com o aumento do trabalho remoto - o conhecido home office -  e o uso das chamadas de vídeo devido à pandemia do novo coronavírus, mais gente diz estar cansada das inúmeras reuniões diante das telas, em vez dos velhos encontros presenciais. Tanto que a expressão "fadiga de videoconferência", ou "fadiga do Zoom" virou lugar comum. 

A pesquisa, publicada no Journal of Applied Psychology, entrevistou 55 funcionários de diversas regiões dos Estados Unidos sobre seus sentimentos em relação às reuniões e encontros por vídeo.

Segundo os autores, foi uma surpresa observar que nem sempre reuniões mais longas ou o fato de se ver no vídeo são determinantes para o cansaço dos participantes após uma videoconferência. Já experenciar um sentimento de pertencimento ou conexão com o grupo, isso sim, é um fator capaz de neutralizar a fadiga.

Cansados e exaustos

Todos os participantes tiveram que responder perguntas de hora em hora, todos os dias, durante cinco dias úteis consecutivos. Foram mais de 1.700 pesquisas enviadas e os trabalhadores participaram, em média, de cinco a seis vídeoconferências durante a semana. A maioria dos entrevistados era do sexo masculino (58%), brancos (73%) e com idade média de 33 anos.

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Confira, aqui, algumas dicas de como evitar a fadiga de videoconferência

Muitos participantes se queixaram de estar “cansados de participar das chamadas de vídeo” ou “muito cansados depois de participar de uma”. Apenas 7% dos trabalhadores não relataram sinais de cansaço provocados pela videoconferência.

De acordo com os pesquisadores, observar-se na câmera ou mantê-la desligada não teve impactos significativos na fadiga pós-videoconferência. Inclusive, muitos participantes apresentaram sentimentos conflitantes sobre o uso da câmera: alguns achavam cansativo ficar se olhando na tela, já outros pensam que desligá-la é algo impessoal. 

Falta conversa?

Uma das queixas dos entrevistados é que, ao participar de um encontro por vídeochamada, todos querem apenas entrar e sair. Assim, há muita pouca conversa antes e depois da reunião. 

Para os pesquisadores, esse bate-papo pode ajudar a construir a sensação de pertencimento em um grupo, o que acabou sendo observado como um aspecto marcante na redução da fadiga por videoconferência. 

Dá para melhorar?

Com base nas descobertas, a equipe de estudiosos desenvolveu uma série de recomendações para ajudar a reduzir a fadiga causada pela videoconferência. Confira: 

1- Realize videoconferências no início da tarde. 

2- Para melhorar a sensação de pertencimento, é importante incluir um tempo para a “conversa fiada” antes ou depois da reunião, assim as pessoas podem conversar sobre seus interesses. 

3- Estabeleça regras básicas para a videoconferência, como manter as câmeras abertas e evitar realizar outro trabalho durante a reunião.

4- Faça pausas olhando para longe da tela; levantar e caminhar é uma boa opção.

Segundo os pesquisadores, é inquestionável que as chamadas de vídeo são úteis e que transmitem mais informações emocionais e não-verbais do que outras ferramentas. Entretanto, isso não significa que tudo precise ser feito através delas. Muitas vezes, ligar ou mandar um e-mail é ainda mais eficaz e eficiente. 

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