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Veja pelo menos 7 problemas que o cigarro causa aos rins

Tanto os cigarros convencionais como os eletrônicos podem causar danos graves à saúde renal - iStock
Tanto os cigarros convencionais como os eletrônicos podem causar danos graves à saúde renal - iStock

O cigarro faz mal ao pulmão, ao coração e se a sua dúvida é se ele também faz mal aos rins, a resposta é SIM!

Infelizmente, apesar de ser um fator de risco modificável (ou evitável) para doenças renais e cardiovasculares, o tabagismo continua amplamente em uso, totalizando 9,1% da população brasileira acima de 18 anos.

E a maior preocupação atual é com relação aos cigarros eletrônicos, que são dispositivos que visam a inalação de nicotina líquida aquecida. Não há regulamentação pela Anvisa da quantidade de nicotina por dispositivo, diferentemente do cigarro comum, que deve ser no máximo de 1 mg.

Falando então das graves consequências que os cigarros, de quaisquer tipos, podem causar nos rins, cito pelo menos 7 problemas:

  1. Diminuição da função dos rins (inclusive em pessoas que sofrem com o tabagismo passivo);
  2. Aumento da excreção de proteína albumina pelos rins – que é um fator independente de morte cardiovascular e de piora de função renal;
  3. Aceleração da aterosclerose (formação de placas de gordura) nas artérias renais, levando à piora da hipertensão e ao aumento da chamada nefropatia isquêmica (aquela que causa falta de oxigenação para os rins);
  4. Piora mais rápida da doença renal crônica;
  5. Menor sobrevida do enxerto renal no caso de fumantes submetidos ao transplante renal, ou seja, quem mantém o hábito de fumar após o transplante terá menos tempo de funcionamento do rim recebido;
  6. Aumento do risco de câncer de rim (carcinoma de células renais). Fumar dobra o risco de desenvolver este câncer, em comparação aos não-fumantes;
  7. Morte das células chamadas podócitos, que são células super especializadas, responsáveis pela filtração do sangue.
  8. Além disso, ele aumenta a pressão arterial sistêmica - a hipertensão é a primeira principal causa de insuficiência renal.

Repare que os prejuízos aos rins não ocorrem somente em quem escolheu ser fumante. Quem inala secundariamente a fumaça do cigarro tem mais risco de desenvolver doença renal crônica também.

A oferta de nicotina, tanto por cigarros convencionais como por cigarros eletrônicos, também apresenta potencial efeito tóxico sobre os podócitos, células dos rins que formam um importante componente da barreira de filtração.

Os mecanismos propostos para as agressões renais incluem aumento do estresse oxidativo, morte celular provocada pela nicotina, disfunção endotelial (células que revestem os vasos sanguíneos), alteração estrutural dos vasos sanguíneos, glomeruloesclerose (que é uma espécie de cicatriz do glomérulo – a unidade funcional dos rins), alteração da hemodinâmica dentro do rim – ou seja – redução do fluxo de sangue dentro do rim, aumento das células do vaso sanguíneo (arteríolas), fibrose intersticial (espécie de cicatrizes no meio dos rins), apoptose (morte) por estresse oxidativo dos podócitos.

Considerando todos os dados mencionados: você já conversou com seu médico sobre parar de fumar? E, caso não fume, lembre-se de manter-se longe da fumaça do cigarro!

*Caroline Reigada é médica nefrologista formada pela Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro, com residência médica na Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e residência em Nefrologia no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Especialista em Medicina Intensiva pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira, a médica integra o corpo clínico de hospitais como São Luiz, Beneficência Portuguesa de São Paulo e Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Instagram: @dracaroline.reigada.nefro

Caroline Reigada

Caroline Reigada

Médica nefrologista, especialista em medicina interna pela Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e em nefrologia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Também é especialista em medicina intensiva pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira. Formada pela Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro, atualmente é médica do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Instagram: @dracaroline.reigada.nefro

* Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Site Doutor Jairo