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Veja 10 hábitos considerados saudáveis que podem ter efeito contrário

Seja um consumidor informado, conheça ingredientes e leia atentamente os rótulos das embalagens - iStock
Seja um consumidor informado, conheça ingredientes e leia atentamente os rótulos das embalagens - iStock

Redação Publicado em 31/08/2021, às 12h00

Nunca as pessoas buscaram tanto por qualidade de vida como agora. Isso já era uma tendência há algum tempo, mas a chegada da pandemia do novo coronavírus fez com que muitos parassem e começassem a prestar atenção no que consomem ou como se comportam, buscando uma postura mais saudável.

Porém, alguns acabam se confundindo nessa busca por hábitos mais sadios e se veem justamente fazendo o contrário, e o resultado pode prejudicar o organismo. Como isso é mais corriqueiro do que se pensa, a seguir, alguns médicos listam erros comuns e ensinam como evitá-los. Confira:

Apostar em dietas radicais: algumas dietas restritivas estão na moda e, para muitos, são sinônimos de alimentação saudável, mas isso está longe de ser verdade. A alimentação possui papel fundamental na manutenção e fortalecimento do organismo, pois é responsável por fornecer nutrientes essenciais para as funções orgânicas. Por isso, qualquer mudança drástica nos hábitos alimentares, sem acompanhamento médico, como restrição de grupos alimentares e diminuição de calorias e refeições, pode oferecer riscos à saúde, principalmente em pessoas que já apresentam algum tipo de carência nutricional prévia.

Beber vinho em excesso: já é de conhecimento geral que tomar uma taça de vinho tinto por dia é muito benéfico à saúde do coração, já que a bebida é fermentada e rica em polifenóis, como o resveratrol, substâncias com grande poder antioxidante. Mas é importante não se animar muito e limitar o consumo diário a, no máximo, uma taça de até 150 mL, pois a ingestão excessiva de álcool é extremamente prejudicial ao organismo. Isso porque se trata de uma substância tóxica que pode provocar doenças mentais, cânceres, problemas hepáticos como a cirrose, alterações cardiovasculares, com risco de infarto e acidente vascular cerebral, bem como a diminuição de imunidade, além de favorecer a desidratação, a inflamação e o acúmulo de líquidos.

Colocar o sono em dia: é muito comum que as pessoas aproveitem quando chega o fim de semana, feriado ou mesmo as férias para colocar o sono atrasado em dia. Porém, isso não compensa as horas de sono perdidas, além de poder desregular ainda mais o relógio interno e atrapalhar a realização das tarefas diárias. O ideal é dormir entre sete a oito horas por dia de forma consistente. Não seguir esses valores é colocar a saúde em risco. Há várias evidências de que dormir cinco horas ou menos por dia, ou ter um sono entrecortado, aumenta consistentemente o risco de condições adversas à saúde, como doenças cardiovasculares e influencia até a longevidade.

Consumir alimentos ditos saudáveis: não é porque um alimento traz a palavra “saudável” ou “feito com ingredientes naturais” em seu rótulo que ele é, necessariamente, bom para a saúde, afinal, não existe uma definição exata para o uso desses termos. Portanto, para ter certeza do que você está consumindo, fique atento à composição do produto. Seja um consumidor informado, conheça os ingredientes e leia atentamente os rótulos nutricionais das embalagens. Tome cuidado, por exemplo, com gorduras e açúcares escondidos, que podem causar aumento de peso e piorar o perfil lipídico. Evite alimentos que contenham altos níveis de gordura saturada, colesterol e fontes ocultas de açúcar, como xarope de milho com alto teor de frutose e algumas dextrinas.

Consumir alimentos que não gosta por serem saudáveis: manter uma alimentação balanceada é um dos pilares para manter a saúde e prevenir doenças. Invista em frutas, verduras e legumes. Mas não abra mão de comer o que te dá prazer. Pois se você não gostar do que está comendo, dificilmente vai conseguir manter as mudanças de hábitos. Portanto, encontre um estilo de alimentação saudável, com a qual tenha prazer e que corresponda ao que você gosta. Existem muitas opções saborosas e saudáveis demais para se contentar com alimentos que você não gosta.

Consumir produtos diet, light e zero: ser “fit”, “light”, “zero” e “diet” não faz um alimento ser mais saudável, já que, apesar de terem menos calorias, geralmente possuem um maior teor de produtos químicos adicionados. Repare, por exemplo, que todo produto que é light, diet ou zero tem mais sódio do que as versões regulares. Isso ocorre quando alimentos não levam açúcar e, sim, adoçante, pois a indústria alimentícia acrescenta sódio para mascarar o sabor desagradável.

Eliminar completamente carboidratos da dieta: cortá-los totalmente faz parte de algumas das dietas mais populares. Nunca faça isso, pois carboidratos são nutrientes importantes e há muitos conceitos errados sobre quando e como comê-los quando a meta é emagrecer. Além disso, cortar carboidratos pode ser muito difícil e atrapalhar uma série de questões no organismo, pois eles são responsáveis pelo fornecimento de energia. Além do mais, a maioria das pessoas pode perder peso sem cortá-los drasticamente. Mais importante do que a grande quantidade é o tipo de carboidrato ingerido. Substituir carboidratos simples, como grãos refinados e açúcar, por carboidratos complexos, como os de vegetais e legumes, pode ter muitos dos mesmos benefícios do baixo teor de carboidratos.

Ficar obcecado com o comer saudavelmente: uma alimentação limpa e saudável tem inúmeras vantagens para a saúde geral. Porém, também pode ter um lado sombrio, quando esse objetivo se torna o foco da vida. A chamada ortorexia nervosa mostra como o conceito de consumir comida de verdade pode ficar fora de controle para pessoas obsessivas e inseguras, que tentam ganhar autoestima e controle sobre a vida por meio da adesão estrita às normas criadas por elas mesmas. Ressaltar demais esse aspecto pode levar ao estresse, isolamento social, espírito demasiadamente crítico, relacionamentos rompidos e até desnutrição. Uma adoração tão rígida de certos tipos de alimentos como os puros ou curativos é desnecessária. A alimentação limpa visa a saúde, mas é apenas uma parte a ser considerada, devendo ser acompanhada também de relacionamentos, habilidades pessoais e desenvolvimento de talentos, crescimento emocional e espiritual, busca de hobbies e interesses, bem como um amor pela vida, que abrange o que está legalmente disponível e compatível com o bem de cada um. Isso é fundamental para a saúde, bem-estar e longevidade.

Lavar as mãos ou usar álcool em gel excessivamente: com a chegada da pandemia do novo coronavírus, a higiene frequente das mãos virou um dos hábitos mais importantes para manutenção da saúde. Mas é preciso tomar cuidado com excessos. Isso porque lavar muito as mãos e usar constantemente álcool em gel pode facilmente desidratar o tecido cutâneo das mãos, contribuindo, assim, para o envelhecimento acelerado da pele e o surgimento de irritação na região.  Evidentemente que não podemos parar de jeito nenhum de higienizar as mãos, mas o ideal é acrescentar o uso de um hidratante logo após, para prevenir o problema. Para se alcançar uma hidratação eficaz, aplique um produto específico para as mãos, que deve ter na fórmula ativos de alta propriedade hidratante, como ureia e ácido hialurônico. E use-o várias vezes ao dia. Se possível, opte por um cosmético à prova d’agua para que não saia após a lavagem.

Prender-se demais à rotina: ter uma rotina diária é uma das maneiras mais eficazes de adotar novos hábitos saudáveis e mantê-los. Afinal, como dizem, os humanos são criaturas de hábitos. Porém, fugir da rotina às vezes, mesmo que apenas uma vez por semana, é importante para manter o cérebro saudável. Uma mudança na rotina aumenta a capacidade de o cérebro aprender novas informações e mantê-las. Por isso, de vez em quando tente, por exemplo, experimentar uma nova receita ou explorar uma parte diferente da sua cidade, por exemplo. 

Fontes:

Aline Lamaita: cirurgiã vascular, membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular. Gabriel Novaes de Rezende Batistella: médico neurologista e neuro-oncologista, membro da Society for Neuro-Oncology Latin America (Snola). Juliano Burckhardt: médico cardiologista, geriatra e nutrólogo, membro titular da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) e da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran). Marcella Garcez: médica nutróloga, diretora e docente do curso nacional de nutrologia da Abran. Paola Pomerantzeff: dermatologista, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD).

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