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Transar toda semana está difícil, mostra pesquisa britânica

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Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h58 - Atualizado em 15/10/2020, às 12h32

Para algumas pessoas, transar uma vez por semana é o mínimo considerado satisfatório. Já para outras, é mais do que suficiente. Segundo uma pesquisa publicada numa das revistas médicas mais prestigiadas da Europa, menos da metade dos britânicos de 16 a 44 anos de idade alcançam essa média. Mas o mais importante é que a frequência já foi mais alta.

Pesquisadores da London School of Hygiene & Tropical Medicine analisaram dados de 34 mil homens e mulheres, ao todo, de um grande estudo nacional, com entrevistas realizadas em 1991, 2001 e 2012. A queda na frequência sexual foi verificada nos últimos dez anos aferidos, principalmente para a população com 25 anos ou mais e entre pessoas casadas ou que vivem juntas.

Frequências médias

No intervalo mais recente avaliado, a proporção de indivíduos que não havia feito qualquer tipo de sexo (oral, anal ou vaginal) no mês anterior à entrevista subiu de 23% para 29,3% entre as mulheres; e de 26% para 29,2% entre os homens. E a proporção de pessoas que transaram mais de dez vezes durante o mês caiu de pouco mais de 20% para 13% entre as mulheres, e de 20% para 14,4% entre os homens.

Para mulheres com idades entre 35 e 44 anos de idade, a média mensal caiu de quatro para duas vezes. Para homens da mesma faixa etária, de quatro para três. A tendência de queda não foi tão forte entre os solteiros, segundo os resultados publicados no The BMJ (The British Medical Journal).

Não existe uma frequência sexual considerada mais adequada. O importante é que a pessoa esteja satisfeita. Mas quando perguntados se desejavam fazer sexo com maior frequência, 50,6% das mulheres e 64,3% dos homens responderam que sim. As parcelas foram mais altas entre os casados ou que moravam com o(a) parceiro(a).

Possíveis vilões

Como o estudo foi observacional, não foi possível identificar por que a vida sexual dos britânicos deu essa apagada. Mas os autores comentam, no artigo, que o declínio coincide com o aumento do tempo gasto nas redes sociais. Outro possível vilão apontado pelos estudiosos é a crise financeira de 2008.

Ficou claro na pesquisa que quanto melhores eram os índices de saúde física e mental, maior era a frequência sexual dos entrevistados. Indivíduos empregados e com melhores salários também foram mais propensos a transar mais.

Em 2016, uma pesquisa norte-ameriana publicada no Archives of Sexual Behaviour chamou a atenção do mundo ao constatar que a geração atual de jovens, que tem acesso a aplicativos de encontro e contato com tanta gente nas redes sociais, tem feito menos sexo que seus pais. Outros levantamentos realizados em países desenvolvidos, com diferentes faixas etárias, também têm revelado um certo esfriamento da vida sexual.

No Brasil, infelizmente não há pesquisas com amostras tão grandes da população. A Mosaico 2.0, publicada em 2016 pelo Programa de Estudos em Sexualidade (ProSex), da Faculdade de Medicina da USP, apontou uma frequência média de duas vezes por semana para as mulheres e de três vezes para os homens. Foram entrevistadas, na ocasião, 3.000 pessoas de 18 a 70 anos de regiões metropolitanas do país.

Transar uma ou mais vezes por semana não é nenhuma garantia de felicidade. Mas, de forma geral, estudos indicam que as pessoas fazem mais sexo quando estão saudáveis e contentes. Se a sua frequência sexual diminuiu muito, talvez valha a pena se perguntar por quê.