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Seu smartphone pode ser o culpado pela birra do seu filho, segundo estudo

Imagem Seu smartphone pode ser o culpado pela birra do seu filho, segundo estudo

Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h47 - Atualizado às 23h54

O uso exagerado de dispositivos móveis pelas crianças tem deixado muitos pais de cabelo em pé. Mas será que a forma como os adultos utilizam a tecnologia também não tem gerado problemas para os pequenos? Segundo uma pesquisa, crises de choro, birra e hiperatividade são mais frequentes em crianças cujos pais estão sempre no smartphone.

Especialistas das universidades de Michigan e de Illiois, nos Estados Unidos, avaliaram 170 famílias para chegar à conclusão, publicada na edição on-line do periódico Child Development. Pais e mães responderam a perguntas sobre o uso de tecnologia e fizeram uma estimativa sobre quantas vezes costumavam interromper o tempo gasto com os filhos para checar ou responder a alguma mensagem, inclusive nas refeições ou durante atividades rotineiras em que as crianças estavam por perto.

Cerca de metade dos entrevistados (48%) relatou que, num dia típico, param três ou mais vezes de fazer o que estão fazendo com os filhos para checar o smartphone, o computador ou ambos. Para 24%, a média era de duas interrupções, e, para 17%, uma ao dia. Só 11% disseram que nunca paravam para usar algum dispositivo.  O estudo também constatou que as mães foram mais propensas que os pais a achar essa situação problemática.

Mesmo poucas e pequenas interrupções  foram associadas a problemas de comportamento entre as crianças, como hipersensibilidade, irritação, hiperatividade e tendência a choramingar com frequência. Isso se manteve mesmo quando os pesquisadores isolaram fatores como depressão ou nível baixo de escolaridade.

O estudo é pequeno e os próprios pesquisadores advertem que o objetivo deles não foi ligar causa e efeito. Ou seja: ainda é preciso investigar bastante o tema antes de confirmar a hipótese. Os autores observam, por exemplo, que muitos pais podem acabar usando a tecnologia como fuga porque as crianças dão muito trabalho, e isso pode ter interferido nos resultados.

Mas a gente sabe que a atenção que se dá à criança muda ao interagir com a internet. Será que isso também não causa uma certa irritação nos filhos, da mesma forma que um marido ou uma namorada podem ficar chateados quando o parceiro pega o smartphone durante um jantar romântico? A dica dos pesquisadores é reservar alguns horários ao dia para ficar longe da tecnologia. Será que dá?