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Sedentarismo aumenta em 78% risco de apneia do sono, diz pesquisa

A apneia do sono é uma condição na qual as vias aéreas podem ficar completamente bloqueadas à noite - iStock
A apneia do sono é uma condição na qual as vias aéreas podem ficar completamente bloqueadas à noite - iStock

Redação Publicado em 22/07/2021, às 17h00

Um novo estudo realizado por pesquisadores da Harvard Medical School (Estados Unidos) revelou que passar mais de quatro horas por dia sentado em frente à televisão aumenta o risco de desenvolver Apneia Obstrutiva do Sono (AOS) em 78%.  

A pesquisa, que acompanhou 130.000 estadunidenses durante um período de 10 a 18 anos, analisou a relação entre um estilo de vida ativo e o sedentarismo. 

Os achados mostram que pessoas com níveis mais altos de atividade física e mais baixos de comportamentos sedentários estavam associadas a um menor risco de apresentar a AOS. De acordo com os pesquisadores, os indivíduos que passam o dia todo sentados, como em trabalhos de escritório, devem compensar fazendo mais exercícios durante o tempo livre. 

O que é AOS?

A Apneia Obstrutiva do Sono (AOS) é um tipo de apneia do sono em que alguns músculos relaxam enquanto a pessoa dorme, causando um bloqueio de fluxo de ar, cessando a respiração normal e levando ao ronco ou ao sono interrompido. 

Em sua forma mais severa, e se não tratada, a condição pode aumentar o risco de vários problemas cardíacos, incluindo arritmias e insuficiência cardíaca, câncer, glaucoma, pressão alta, diabetes tipo 2 e distúrbios cognitivos e comportamentais. 

78% mais chances

Através de uma enorme base de dados, a equipe comparou a prática de atividade física e as horas de comportamento sedentário com os diagnósticos de AOS. Embora nenhum dos participantes tenha apresentado a condição no início da investigação, 8.733 pessoas haviam sido diagnosticadas ao final do período de estudo.

Após a contabilização de potenciais fatores de confusão, incluindo idade, índice de massa corporal (IMC) e uso de álcool/tabaco, a equipe descobriu que aqueles que praticavam mais atividade física tinham um risco significativamente menor de desenvolver AOS.

Confira:

Especificamente, os participantes que fizeram o equivalente a três horas de corrida por semana tiveram 54% menos chances de apresentar o transtorno quando comparados aos que apenas praticaram a quantidade equivalente de exercícios a uma caminhada semanal com duração de duas horas. 

Além disso, aqueles que passavam mais de quatro horas por dia assistindo TV tinham um risco 78% maior de AOS do que os indivíduos mais ativos. Enquanto nos participantes que tinham um trabalho no qual passavam boa parte do tempo sentados, a porcentagem foi de 49%. 

Os pesquisadores alertam que todos os dados coletados foram autorrelatados e que essa diferença no risco da AOS entre os índices relacionados ao trabalho sedentário e ao tempo gasto sentado assistindo TV poderia ser explicada por outros comportamentos que estão relacionados a essas atividades. 

Por exemplo, lanchar e beber bebidas açucaradas são mais prováveis de acontecer junto com o ato de assistir televisão, podendo levar a um ganho de peso adicional, que é um fator de risco para o desenvolvimento da apneia. 

As descobertas revelaram ainda associações mais fortes entre estilo de vida sedentário e o risco de apresentar AOS para mulheres, adultos com mais de 65 anos e aquelas pessoas com índice de massa corporal (IMC) maior ou igual a 25 kg/m2.

Mais qualidade de vida

Diante dos achados, os pesquisadores incentivam médicos a destacar os benefícios da atividade física para reduzir o risco de AOS. Segundo eles, para as pessoas que passam longas horas sentadas todos os dias, o aumento da atividade física em seu tempo livre pode igualmente diminuir as chances de desenvolver a condição. 

Da mesma forma, para aqueles que não podem praticar muitos exercícios devido a restrições físicas, reduzir os comportamentos sedentários ou fazer algumas atividades leves também pode diminuir o risco. 

A equipe enfatiza ainda que a apneia obstrutiva do sono é uma desordem comum e generalizada que pode ter um impacto sério na qualidade de vida das pessoas. Assim, os profissionais de saúde devem priorizar a prevenção e apoiar aqueles que estão em risco de desenvolver a condição para adotarem um estilo de vida mais ativo. 

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