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Pets no verão: guia de cuidados + receitas de sorvetes para eles

Animais precisam estar em ambientes mais frescos para que não sofram com o calor - iStock
Animais precisam estar em ambientes mais frescos para que não sofram com o calor - iStock

Cármen Guaresemin Publicado em 19/01/2022, às 14h00

O verão demorou um pouco mais a aparecer em algumas partes do Brasil e agora veio com força total, especialmente na região Sul. As altas temperaturas são bastante incômodas para os animais de estimação, visto que, diferente dos humanos, cães e gatos não possuem muitas glândulas sudoríparas.

A maioria delas está situada nos coxins, as “almofadinhas” das patas, e no focinho. Eles também utilizam a boca para transpirar, o que acaba dificultando a termorregulação, que é o controle da temperatura corporal. Por conta disso, precisam de inúmeros cuidados especiais para que não sofram com o calor.

Portanto, se você se preocupa com o bem-estar e a saúde do seu animal de estimação, confira alguns cuidados essenciais que deve ter durante a estação mais quente do ano:

Temperatura do ambiente

A temperatura do ambiente em que o pet está é essencial para ajudá-lo no controle do calor do corpo. Quando o animal está em um ambiente quente, a temperatura corporal aumenta e dificulta a termorregulação, por isso ele precisa estar em ambientes mais frescos para que não haja sofrimento. Vale lembrar que a temperatura corporal dos animais domésticos é ligeiramente mais alta que a nossa, a temperatura ideal para eles gira em torno dos 20 a 25 graus Celsius.

Horário e local dos passeios

Deve-se evitar os passeios com os pets em dias quentes entre 10 e 15 horas, bem como evitar andar por locais pavimentados. Cães respiram mais perto do asfalto e calçamentos e, com eles quentes, isso pode provocar o aumento da temperatura corporal. O ideal é realizar os passeios no início da manhã ou no final da tarde, o que também é importante para evitar o risco de câncer de pele. Caso seja necessário o passeio nesses horários de altas temperaturas, deve-se priorizar espaços com grama para evitar queimaduras nos coxins.

Passeios em dias chuvosos

Caso esteja chovendo, a recomendação é esperar a chuva passar e só depois sair com o pet. Ainda assim, durante os passeios, que são indispensáveis, principalmente no verão, o tutor e o pet podem ser pegos desprevenidos pela chuva. Uma das sugestões é utilizar uma capa de chuva própria para cãezinhos, que pode ser encontrada em lojas especializadas para animais de estimação. Apesar do acessório proteger o corpo do pet, as patas continuam expostas, então, ao voltar para casa, higienize-as e seque-as completamente para evitar frieiras e outras doenças. Se o tempo piorar, o ideal é se abrigar em um local seguro e esperar a chuva passar.

Atenção aos sinais

Quando os animais estão sofrendo com o calor, eles dão alguns sinais que devem ser percebidos pelos tutores. Eles ficam bastante inquietos, pois sempre estão procurando um ambiente mais fresco. Além disso, quando deitam com a barriga inteira no chão ou de lado em um piso mais gelado, é porque estão tentando se refrescar. Outro sinal é a frequência respiratória aumentar bastante, assim como a salivação. Se as mucosas orais do pet estão com cor de tijolo, muito avermelhadas, também é um sinal de alta temperatura corporal.

Outra dica importante sobre a termorregulação dos animais: tutores de cães braquicefálicos, de focinho encurtado, como Shih-tzu, Lhasa Apso, Pug e Buldogue Francês, devem ficar ainda mais atentos a todos os cuidados mencionados, pois eles têm ainda mais dificuldade para respirar.

Hidratação

Assim como os humanos, os pets precisam estar sempre bem hidratados, especialmente no calor. É importante sempre deixar disponível água fresca e gelada, colocando potes em vários pontos do local e trocando-a com frequência, pois eles perdem muita água quando estão com a temperatura corporal alta. No caso dos gatos, vale a pena ter fontes, pois eles adoram beber a água em movimento.

Outras opções que vão agradar

  • Coloque pedras de gelo na água, além de refrescar, vai despertar a curiosidade deles;
  • Pegue sachês, ou triture a ração seca, coloque água e distribua o conteúdo naquelas forminhas usadas para fazer gelo. Leve ao congelador e, quando estiverem prontas, ofereça aos pets. Além de se divertirem, irão se hidratar. No fim da matéria há outras dicas com receitas.

Dê banho com mais frequência

Nesta época do ano, está liberado dar um banho por semana, pois isso refresca e alivia o calor do cachorro. Lave-o com água em temperatura ambiente e não deixe de secá-lo bem com um secador em temperatura média. Gatos, mesmo no verão, não precisam de banhos, eles se limpam com a língua.

Tosar o animal não resolve o problema

Este é um erro bem comum: muito se fala sobre realizar a tosa em época de calor para “aliviar” a sensação térmica do bichinho. Porém, os pelos de cães e gatos são também uma proteção, pois eles possuem pelagem “inteligente”. De acordo com a época, ela pode se adaptar a diferentes temperaturas. Evite tosar em excesso seu animal, principalmente no verão, pois isso vai deixar a sua pele  exposta à alta temperatura e sem proteção ao sol.

Cuidado com parasitas, principalmente na praia

No verão é mais comum a proliferação de parasitas, principalmente se você for passar por área de praia. Por isso, aplique o antipulgas recomendado por um veterinário no pet e tome cuidado com lugares muito frequentados. O maior risco nas praias é devido ao fato da existência de bactérias na areia.

Se o animal não estiver com a vacinação (e vermifugação) em dia, há o risco potencial dele contrair doenças, algumas que podem levá-lo a óbito. Leve a carteirinha de vacinação para a praia como comprovação, uma vez que a lei normalmente prevê essa exigência. Quando voltar do passeio, verifique se o seu animal não está com pulgas, carrapatos ou outros parasitas. A vacinação e a vermifugação regular impedem o animal de contrair bactérias e parasitas.

O perigo da água parada

Em situações extremas de enchentes e inundações, os animais não devem ter contato e nem beber água parada. Caso se molhem, é importante mantê-los secos e com as medidas profiláticas atualizadas. Certifique-se que a vacinação do seu pet esteja em dia e caso ele apresente febre, vômito, urina escura ou apatia procure ajuda do médico veterinário.

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Use protetor solar

Protetores solares são recomendados principalmente para cães e gatos de pele clara. Aplique nas partes nas quais não há pelos, como barriga, focinho e orelhas para evitar o câncer de pele. Mas atenção: não passe protetor solar de humanos, existem opções específicas para que o animal possa lamber e não se intoxicar.

Enriquecimento ambiental

Enriquecimento ambiental é a adaptação do local onde o pet vive. Colocar elementos mais atrativos, lúdicos, com desafios e diversão para o seu amigo é a melhor opção para manter o cão ou gato entretido, gastando energia e trabalhando os sentidos, para dias muito quentes em que o horário de passeio fica mais reduzido.

Use e abuse desse recurso, pois além de deixar seu pet tranquilo e equilibrado, o incentiva a se hidratar e se alimentar melhor. Faça uma lista de cuidados e de itens úteis para animais de estimação, escreva e leve na bolsa de viagem, ou pregue na geladeira. Faça disso um hábito. É preciso investigar as necessidades, sair do senso comum e se atentar a detalhes que fazem total diferença para a segurança e para o conforto deles.

Evite lugares muito quentes ou fechados, como o carro

Jamais deixe seu pet em um local fechado como um carro ou quarto de hotel sem ar-condicionado e sem ventilação. O calor excessivo pode ocasionar a elevação da temperatura do corpo, impedindo a troca de calor com o ambiente. Ocorrendo isto, os órgãos começam a falhar, podendo levar o animal à morte.

Infelizmente, não é incomum saber de casos de pessoas que esqueceram, ou simplesmente deixaram, um animal – na maioria das vezes, cachorros - dentro de um carro com janelas fechadas por horas. Isso aconteceu no dia 15 de janeiro, em uma praia do Balneário de Camboriú (SC). A polícia foi chamada e foi preciso quebrar os vidros do veículo para resgatar o cachorro que foi acolhido por uma ONG. Ele estava há mais de sete horas nessa situação. Foi feito um boletim de ocorrência com comunicação de crime de maus-tratos contra animais. O animal, inclusive, poderia ter ido a óbito.

Thais Costa Casagrande, coordenadora do curso de Medicina Veterinária da Universidade Positivo (UP) diz que um modo de não esquecer o animal é sempre colocá-lo de forma que possa ser enxergado dentro do carro. “Na verdade, normalmente eles pulam e dão sinais, é difícil esquecer, mas pode acontecer. Outra dica é colocar algum objeto que nos faça lembrar dele. Por exemplo, coloque a coleira do animal no colo para quando sair do veículo não se esquecer dele”.

Porém, muita gente os deixa por comodidade, talvez por irem a um lugar em que o animal não possa acompanhar. Mas, nunca faça isso, pois é perigoso.

O verão está com temperaturas muito altas. Dentro do carro, são ainda maiores os riscos de morte, seja para um animal ou uma criança. Mesmo saídas rápidas podem estressar o animal, o que faz a temperatura subir, pois ele fica agitado, pulando e isso aumenta a frequência respiratória. Nunca deixe o carro completamente trancado. Deixe ao menos uma janela um pouco aberta”, ensina Thais.

O animal pode ir a óbito porque não consegue respirar bem dentro do carro fechado, isso causa hipertermia, aumento da temperatura de forma mortal. Se uma pessoa passar e vir o animal trancado, o indicado é acionar a polícia para que ela localize os tutores e, na sequência, se não forem encontrados, será necessário fazer o que foi feito em Camboriú, abrir o veículo para retirar o animal. E esta abertura pode ser quebrando os vidros. “O correto é isso: acionar a polícia para que não corra o risco de ser considerado vandalismo. E, assim, a polícia também atuará no caso como crime de maus-tratos contra animais, e a pessoa pode ser enquadrada em um dos artigos da lei”, adverte.

Os primeiros cuidados são ventilar, molhar o animal e, se ele estiver consciente, fornecer água, para baixar a temperatura. Encaminhá-lo o quanto antes ao médico veterinário que irá fazer o tratamento com o que for necessário, por exemplo, fluidoterapia e oxigenação”, finaliza Thais.

Alimentação específica

No calor, os animais comem menos. Investir em uma alimentação mais palatável, fresca e úmida, é uma dica para manter seu pet saudável durante o verão. Alimentação natural pode ser uma ótima opção para cães. Entre as frutas liberadas para o consumo dos pets, ou seja, que têm o sinal verde que para os tutores possam inserir no dia a dia do seu animal de estimação estão: banana, melancia, morango, manga, kiwi, melão, goiaba, jabuticaba, caju e pitaya. Se atente para retirar a casca e também aos caroços e sementes.

Confira a seguir as receitas de sorvete da DogHero para se deliciar com o seu pet:

Sorvetinho de melancia

Ingredientes:
Meia melancia sem caroço
Folhas de hortelã
Um liquidificador ou processador
Forminhas de gelo ou de sorvete
Modo de preparo: bata a melancia sem caroços em um liquidificador até formar um suco. Em seguida pique as folhinhas de hortelã e misture com ele. Então, despeje o conteúdo em uma forma (forminhas de gelo) e leve ao freezer. Pode ser servido sozinho como “petisco”, colocado para derreter na água ou, se feito em uma forma grande (como num pote de sorvete de massa, por exemplo), colocado no chão para que o pet se entretenha fazendo ele derreter.

Gelinho de banana

Ingredientes:
Uma ou duas bananas
Água filtrada
Forminhas de gelo ou de sorvete
Modo de preparo: corte a(s) banana(s) em rodelas pequenas. Em seguida coloque-as em uma forminha de gelo de sua preferência (uma ou duas rodelas em rodelas em cada cubo). Cubra a forminha com água e leve ao congelador. É prático e rápido para refrescar o seu pet em dias de muito calor. É muito fácil de fazer. É só colocar a água e a bananinha, colocar no congelador e está pronto o gelinho.

Sorvete de morango

Ingredientes:
Morangos
Água mineral ou filtrada
Forminhas de gelo ou de sorvete
Modo de preparo: pique os morangos em pedacinhos, só retirando a folhinha. Bata em um liquidificador com a água. Coloque em uma forminha (formas de gelo) e congele. Depois de congelado, é só desenformar e servir.

Observação: se o seu animal mostrar que não curte muito a fruta usada, tente outras opções. Por exemplo, suco de maçã natural sem caroço ou suco de cenoura. Mas, caso você queira variar a receita do sorvete para seu pet, não se esqueça que nem todas as frutas ele pode comer. De toda forma, consulte seu médico veterinário de confiança.

Fontes:
Cleber Santos, especialista em comportamento animal da Comport Pet / Dog Hero / Thais Costa Casagrande, coordenadora do curso de Medicina Veterinária da Universidade Positivo (UP)