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Pesquisadores brasileiros identificam vírus da Covid-19 na retina

A presença dessas partículas virais reforça possíveis manifestações clínicas oculares da infecção - iStock
A presença dessas partículas virais reforça possíveis manifestações clínicas oculares da infecção - iStock

Redação Publicado em 30/07/2021, às 17h00

Foi publicado nesta quinta-feira (29), no periódico Jama Ophthalmology, um estudo realizado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que conseguiu identificar a presença de partículas do Sars-COV-2, o vírus da Covid-19, na retina de pacientes acometidos pelo novo coronavírus.

Para Rubens Belfort Jr, professor da Escola Paulista de Medicina da Unifesp (EPM/Unifesp) e coordenador da pesquisa, conjuntamente com Wanderley da Silva, da UFRJ:

"A descoberta revela um biomarcador importante talvez relacionado à presença do vírus em outras partes do organismo e causador de outras doenças provocadas pelo coronavírus."

Durante os meses de junho e julho de 2020, os pesquisadores realizaram enucleação post mortem de olhos, usando tecnologia de transplantes de córnea. Eles relacionaram os achados clínicos com os obtidos por imunofluorescência, imuno-histoquímica e processamentos de microscopia eletrônica de transmissão na retina de pacientes que estavam internados em hospital e vieram a falecer em decorrência da gravidade da doença da Covid-19.

A equipe afirmou que as proteínas do vírus foram observadas nas células endoteliais, próximo à chama capilar e às células das camadas nucleares interna e externa da retina. Na região perinuclear dessas células, foi possível observar por microscopia eletrônica de transmissão vacúolos de membrana dupla consistentes com o vírus.

A presença dessas partículas virais, para os pesquisadores, não só reforça possíveis manifestações clínicas oculares da infecção como acende um importante sinal de alerta para a possibilidade de o vírus estar diretamente relacionados a diferentes formas da doença, inclusive neurológicas, pelas semelhanças com a retina, além da possibilidade de se constituírem santuários de persistência viral.

Para eles, agora está claro que após a infecção inicial no sistema respiratório, o vírus pode se espalhar por todo o corpo, atingindo diferentes tecidos e órgãos. Assim, as descobertas podem ajudar a elucidar a fisiopatologia do vírus e seus mecanismos etiológicos, o que pode permitir melhor entendimento das sequelas da doença  direcionar alguns caminhos de pesquisas futuras.

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