Redação Publicado em 22/03/2022, às 10h00
A chegada do outono no Brasil costuma trazer oscilações de temperatura, com direito a manhãs quentes e noites frias, além do tempo mais seco. Esses fatores acendem um alerta para problemas de saúde típicos dessa estação, pois nessa época prevalecem as doenças respiratórias, que atingem vias aéreas e outras estruturas do pulmão.
Para a médica clínica e nutróloga do Vera Cruz Hospital, Gisele Figueiredo Ramos, são comuns os casos de gripe, pneumonia, sinusite, rinite e bronquite. Ela esclarece que a procura por lugares fechados, com relativa aglomeração, predispõe à disseminação de vírus e bactérias. “Devemos evitar essas situações propícias ao contágio, que pode acontecer por meio de gotículas dispersas no ar ou pelo contato com superfícies contaminadas.”
Já o pneumologista Ronaldo Macedo, também do Vera Cruz Hospital, conta que o tempo seco pode colaborar para o quadro inflamatório das vias aéreas. Isso porque o aumento da poluição faz com que as partículas se depositem nas vias áreas, o que causa inflamações e facilita a entrada de vírus e bactérias. A situação também pode ser um gatilho em casos mal tratados de asma.
Gripe e resfriado são os problemas mais comuns nessa época e ambas causados por vírus. “A gripe é ocasionada pelo vírus influenza e pode ser prevenida pela vacina. Entre os sintomas estão febre alta, dor de garganta, tosse seca e dor de cabeça e muscular, com duração de três a cinco dias após o término da febre. Já no resfriado, os sinais de coriza, tosse, congestão nasal e dor de garganta são mais leves e duram menos tempo”, detalha o médico.
Outra enfermidade outonal é a sinusite (inflamação das mucosas dos seios da face). Em geral, surge após gripes, resfriados ou processos alérgicos. Pode ser classificada em aguda e crônica, é muito comum em adultos e acomete mais as mulheres. De acordo com a Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF), entre 15% e 20% da população mundial é vítima do problema. “Os sintomas são dor de cabeça na região dos seios da face, associada a obstrução nasal, tosse e febre. Caso não seja realizado o tratamento adequado, a sinusite pode se tornar crônica”, afirma Gisele.
Mais um problema de saúde frequente nas unidades hospitalares é a faringite. Ela tem origem viral ou bacteriana e é caracterizada por dor intensa na garganta, que pode estar associada à dificuldade em ingerir líquidos e alimentos, febre, dor de cabeça e muscular. Dados da Anvisa apontam a prevalência entre as crianças na faixa etária entre cinco e 12 anos, com 30% de todos os casos, e em 10% da população adulta.
A pneumonia também entra na lista. Ela é responsável por duas mil mortes diárias no mundo e é a principal causa de óbito de crianças com até cinco anos de idade, segundo estudo da OMS (Organização Mundial de Saúde). A infecção no pulmão pode ser causada por bactérias, vírus, fungos e reações alérgicas, e causa febre, tosse com secreção amarelada ou esverdeada, dor torácica ao respirar, mal-estar e fraqueza.
Rinite e bronquite também são patologias provocadas por reações alérgicas que tendem a piorar nos dias mais frios, típicos do outono. Na rinite, os sintomas mais comuns são coriza, espirros e coceira no nariz, olhos e garganta. Já na asma brônquica, ocorre uma inflamação nos brônquios, dificultando a passagem do ar para os pulmões, resultando em chiado no peito, tosse e falta de ar. Entre 30% e 40% da população global sofre com rinite alérgica, aponta a Organização Mundial da Alergia (WAO, na sigla em inglês). Já dados da OMS destacam a prevalência da asma no mundo: 235 milhões de pessoas.
Mesmo que a estação seja um gatilho para o desenvolvimento de patologias, é possível tomar alguns cuidados para evitá-las. “Lave as roupas de cama e banho com frequência, higienize sempre as mãos, evite o contato das mãos com olhos e nariz, e utilize lenços descartáveis para assoar o nariz. Mantenha as vacinas e os exames em dia. Adicione a prática do exercício físico à sua rotina, além de uma alimentação saudável e balanceada, priorizando alimentos ricos em vitamina C, tais como limão, laranja, brócolis e couve, bebendo, pelo menos, dois litros de água por dia”, conclui Gisele.
Apesar de o outono ser lembrado pelo surgimento de doenças respiratórias, os olhos também podem sofrer muito durante a temporada, em especial com alergias. “Muitas pessoas manifestam alergias oculares e, nessa época do ano, é comum aparecerem os casos de conjuntivites alérgicas”, conta Hallim Féres Neto, Membro do Conselho Brasileiro de Oftalmologia.
Segundo o médico, o verão costuma ser mais úmido e, por isso, a poeira suspensa no ar gruda nas partículas de água e, com o peso, caem no chão. Por outro lado, com o ar seco do outono, as micropartículas ficam mais tempo em suspensão no ar, facilitando que entrem em contato com nossas mucosas (olhos, nariz e garganta), favorecendo as alergias.
A coceira é um dos principais incômodos sentidos pelos pacientes com alergia ocular, e esse sintoma merece atenção especial.
O ato de coçar os olhos pode ser muito prejudicial, levando inclusive a algumas doenças mais graves, como o ceratocone. Além disso, é importante ressaltar que os olhos podem ser portas de entrada para vírus, incluindo o coronavírus. Assim, é fundamental evitar coçar os olhos”, ressalta Hallim.
O tratamento, no caso das crianças, pode ser iniciado com o pediatra, mas caso evolua para conjuntivite alérgica e não responda bem ao tratamento, deve ser encaminhado ao oftalmologista para que avalie se há lesões oculares que demandem outra abordagem terapêutica.
Para ajudar a passar pela temporada sem crises, Hallim deixa algumas dicas simples:
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