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Masturbação: saiba como ela afeta o cérebro

Aspecto positivo: orgasmo libera substâncias químicas envolvidas no centro de recompensa de prazer do cérebro - iStock
Aspecto positivo: orgasmo libera substâncias químicas envolvidas no centro de recompensa de prazer do cérebro - iStock

Redação Publicado em 05/12/2021, às 15h00

Muitos mitos e equívocos continuam a espalhar a ideia de que a masturbação é, de alguma forma, prejudicial à saúde. Antes de tudo, decidir se masturbar ou não é uma escolha pessoal. Mas quem tem esse hábito pode ficar tranquilo porque ele pode ter vários efeitos positivos, incluindo aumentar a liberação de substâncias, no nosso corpo, que promovem sensações positivas.

Os supostos efeitos negativos associados à masturbação têm muito mais a ver com como a pessoa se sente em relação ao ato em si, e não com suas implicações físicas. A seguir, explicamos como a masturbação afeta o cérebro, bem como o que configura a compulsão em se masturbar e quando é o caso de consultar um especialista por causa desse comportamento. 

Hormônios e substâncias associadas ao bem-estar

Pesquisas indicam que a masturbação, assim como outras atividades sexuais que levam ao prazer sexual ou ao orgasmo, desencadeiam a liberação de hormônios e substâncias químicas envolvidas com o chamado "sistema de recompensa do cérebro". Trata-se de estruturas e receptores nos neurônios ativados toda vez que a pessoa tem um estímulo gratificante ou prazeroso.  Veja quais são: 

Dopamina: conhecida como o hormônio da “felicidade”, é um importante neurotransmissor envolvido na motivação, movimento e busca de recompensa.
Oxitocina:hormônio do “amor”, tem uma ampla gama de efeitos comportamentais e fisiológicos, como promoção de comportamentos sexuais, sociais e maternos associados à felicidade. O hormônio também ajuda a apoiar o bem-estar e a interação social positiva.
Serotonina: é um neurotransmissor que ajuda a mediar sensações de felicidade, otimismo e satisfação. Também existe uma ligação entre níveis mais elevados de serotonina e a melhora do sono e do humor.
Endorfinas: são conhecidas como substâncias químicas que reduzem a dor melhor do que a morfina. Também são responsáveis pela sensação prazerosa associada ao exercício.
Prolactina: é um hormônio que promove respostas fisiológicas à reprodução, controle do estresse e regulação emocional.
Endocanabinoides: esses neurotransmissores são vitais para comportamentos gratificantes, como exercícios, interação social e alimentação. Eles também ajudam a regular processos como dor, inflamação, metabolismo, função cardiovascular, aprendizagem e memória, ansiedade, depressão e vício.
Norepinefrina/noradrenalina: é um neurotransmissor estimulante que também favorece o humor, a motivação e a atenção.
Adrenalina: ativado sob estresse, ajuda a regular a frequência cardíaca, diâmetros dos vasos sanguíneos e das vias aéreas e aspectos do metabolismo.

A liberação desses vários hormônios pode, por sua vez, levar aos seguintes benefícios para a saúde:

Estresse e ansiedade reduzidos: a liberação de oxitocina pelas atividades sexuais parece diminuir os hormônios do estresse, como o cortisol, ao mesmo tempo que promove o relaxamento. Prolactina também ajuda a regular respostas ao estresse.
Melhorar o sono: a masturbação libera hormônios e neurotransmissores para ajudar a reduzir o estresse e a pressão arterial, ao mesmo tempo que relaxa, o que pode facilitar o adormecimento. Um estudo de 2019 que entrevistou 778 adultos descobriu que havia uma percepção clara de resultados de sono favoráveis associados ao orgasmo. Muitos entrevistados sentiram que a masturbação ajudou a reduzir o tempo que levavam para adormecer e a melhorar a qualidade do sono.
Dor reduzida: as endorfinas são os analgésicos naturais do corpo. Os endocanabinoides também são conhecidos por ajudar a regular os processos de dor e inflamação. Esses analgésicos naturais também podem ajudar a aliviar a dor menstrual. Estudo de 2013 descobriu que a atividade sexual leva ao alívio parcial ou completo das enxaquecas e algumas cefaleias em salvas.
Melhoria da função imunológica: a masturbação aumenta os níveis de prolactina e endocanabinoides, que ajudam a regular o sistema imunológico. Eles também aumentam os hormônios e neurotransmissores que reduzem o estresse.
Humor melhorado: a masturbação pode aumentar os níveis hormonais associados a um humor positivo, como dopamina, oxitocina e endorfinas.
Melhora o foco e a concentração: ao aumentar os níveis de hormônios e neurotransmissores envolvidos na aprendizagem, memória e motivação.
Melhorar a autoestima: a masturbação pode aumentar os níveis de adrenalina. Pesquisadores associam níveis mais elevados de adrenalina salivar e urinária a níveis mais elevados de crescimento pessoal ou senso de propósito de vida. Aprender como dar prazer a si mesmo também pode fortalecer e melhorar a imagem corporal.
Melhorar a função sexual: muitos dos hormônios e neurotransmissores envolvidos no ciclo de resposta sexual humana ajudam a regular esse próprio ciclo, promovendo a liberação de compostos estimulantes em níveis mais elevados.
Cognição melhorada: a prolactina tem um efeito neuroprotetor, reduzindo o dano neural em resposta ao estresse. A dopamina também parece contribuir para a cognição saudável. Estudo de 2016 descobriram que a atividade sexual aumentou a memória e o sequenciamento do número em homens mais velhos e a memória em mulheres mais velhas com idade entre 50-89 anos.
Pressão arterial reduzida: a ocitocina e os endocanabinoides também podem ajudar a reduzir a pressão arterial.

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Possíveis efeitos negativos 

Embora a maioria das pessoas experimente efeitos positivos ao se masturbar, isso não é verdade para todos. Alguns podem ser moralmente ou religiosamente opostos à masturbação e sentir-se culpados ou envergonhados por se envolver em masturbação ou até mesmo pensar nisso.

A masturbação excessiva também pode causar problemas físicos, como pele irritada ou rachada, inchaço dos órgãos genitais e cãibras. Pessoas com disfunção sexual ou histórico de abuso também podem achar embaraçoso ou até mesmo angustiante praticar a masturbação.

Dependência de masturbação

Atualmente, a Associação Americana de Psicologia, entre outras organizações, não reconhece a masturbação ou o vício em sexo como uma condição de saúde mental. Em vez disso, a maioria dos especialistas classifica a masturbação excessiva como um comportamento sexual compulsivo (CSB) ou comportamento sexual fora de controle. A Associação Americana de Educadores, Conselheiros e Terapeutas em Sexualidade também afirma que não há evidências suficientes para apoiar a classificação de vício em sexo ou em pornografia como uma condição de saúde mental.

Tratamento e prevenção

Algumas pessoas são mais propensas ao comportamento sexual compulsivo por causa de certas condições de saúde, como:
-doença de Alzheimer
-transtorno bipolar
-Doença de Pick
-Síndrome de Kleine-Levin
-transtorno obsessivo-compulsivo

Em pessoas com essas condições, o tratamento da condição subjacente geralmente ajuda a reduzir as compulsões e comportamentos sexuais. Algumas drogas ilícitas e medicamentos prescritos, especialmente aqueles que aumentam os níveis de dopamina, também podem aumentar o desejo sexual de alguém. Esses incluem: metanfetamina, medicamentos para Parkinson e cocaína.

Nesses casos, interromper ou alterar o uso de medicamentos ou drogas muitas vezes pode reduzir as compulsões sexuais, como a masturbação excessiva. Algumas formas de terapia psicológica também podem ajudar a reduzir a compulsão e gerenciar suas repercussões negativas, incluindo: terapia cognitiva comportamental, terapia psicodinâmica, terapia de grupo e terapia de casais.

Também há algumas evidências de que alguns medicamentos podem ajudar a controlar o quadro, como: citalopram, naltrexona e inibidores seletivos da recaptação da serotonina. Grupos de apoio oferecem programas para ajudar as pessoas a gerenciar ou reduzir o problema.

Algumas dicas e técnicas também podem ajudar a evitar ou controlar a masturbação compulsiva, como:

  • evitar pornografia
  • buscar ajuda de um profissional de saúde mental ou médico especializado em saúde sexual
  • fazer mais exercícios físicos
  • melhorar conexões e relacionamentos sociais
  • manter-se ocupado
  • compreender os gatilhos de uma pessoa, como, por exemplo, tédio, medo de intimidade ou vergonha

Quando ver um médico

Quando a masturbação excessiva começar a interferir na vida diária, no bem-estar psicológico ou na saúde física, peça ajuda a um médico ou terapeuta. As pessoas também devem procurar ajuda profissional se os sentimentos de culpa, vergonha ou outras emoções negativas interferirem no funcionamento sexual, no prazer ou nos relacionamentos.

Fonte: Medical News Today

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