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Maconha causa desequilíbrio hormonal que pode levar à infertilidade

Níveis altos de THC tornam a maconha ainda mais prejudicial para a fertilidade do homem - iStock
Níveis altos de THC tornam a maconha ainda mais prejudicial para a fertilidade do homem - iStock

Redação Publicado em 25/02/2022, às 12h00

Cada vez mais estudos têm mostrado que fumar maconha prejudica a fertilidade do homem. Uma das drogas mais consumidas no Brasil e no mundo, ela possui toxinas que provocam desequilíbrio hormonal, algo que foi detectado por um estudo brasileiro publicado no periódico internacional Frontiers in the Reproductive Health.

A qualidade do sêmen está cada vez pior há décadas, segundo vários estudos feitos em diferentes partes do mundo. E, segundo pesquisadores, o estilo de vida moderno tem tudo a ver com essa situação.

Estilo de vida e prejuízos ao sêmen

Poluição, obesidade e uso de medicamentos, álcool, tabaco e drogas ilícitas estão entre “a sopa de ingredientes que têm feito os homens tornarem-se menos férteis”, segundo o professor e pesquisador Jorge Hallak, da Faculdade de Medicina e do Grupo de Estudo em Saúde Masculina do Instituto de Estudos Avançados da USP (Universidade de São Paulo).

Hallak e o colega Thiago Teixeira, doutor em urologia da FMUSP, entre outros autores, avaliaram os hábitos de 153 homens inférteis que poderiam influenciar no quadro. Por infertilidade considera-se a incapacidade de se obter uma gravidez após um ano de tentativas com a parceira.  Os participantes tinham de 18 a 60 anos de idade, e foram atendidos em São Paulo entre 2009 e 2017.

O grupo descobriu que álcool, tabaco e sedentarismo têm seu papel na saúde testicular. Mas a maconha é o fator de maior impacto negativo, de acordo com os resultados, divulgados pelo Jornal da USP

Ao menos um baseado por semana

Homens que fumavam maconha de forma crônica, ao menos um cigarro por semana durante um período de um ano, apresentaram uma queda dos níveis de estradiol (hormônio feminino também presente no organismo masculino); um aumento da prolactina (hormônio que regula o desejo sexual e a parte reprodutora); e o aumento de uma proteína que transporta esses hormônios, chamada SHBG.

Os pesquisadores afirmam que a infertilidade masculina pode ser tratada, mas o sucesso depende das especificidades de cada quadro. As intervenções devem considerar todas as possíveis causas de esterilidade para que as chances de engravidar aumentem, inclusive quando o casal é submetido a métodos de reprodução assistida.

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Preocupação com os adolescentes

A preocupação em relação ao consumo de maconha é ainda maior com adolescentes e jovens adultos, dado que o testículo, assim como o cérebro, está em formação do início da puberdade até os 22 anos. Para piorar tudo, nessa fase o jovem não está preocupado em ter filhos. 

O agravamento ocorre pelo aumento do nível de tetrahidrocanabinol (THC), substância neurotóxica responsável pelo “barato” da maconha. A droga encontrada hoje em dia contém muito mais THC do que na década de 60 – cerca de 30%, contra 2% ou 3% dos baseados fumados no passado.

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