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Hipertensão: mulher que sofre abuso ou assédio sexual tem mais risco

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Redação Publicado em 08/03/2022, às 13h25

Mulheres que já sofreram violência sexual na vida – incluindo abuso sexual e assédio sexual no local de trabalho – são mais propensas a sofrer com pressão alta mais tarde. É o que indica um grande estudo longitudinal nos EUA, que acompanhou mulheres por sete anos.

O trabalho, financiado pelos Institutos Nacionais de Saúde e publicado no Journal of American Heart Association, ainda indicou que a violência sexual é uma experiência comum, afetando mais de 20% das mulheres da amostra.

"Nossos resultados mostraram que as mulheres que relataram ter sofrido tanto abuso sexual quanto assédio sexual no local de trabalho tinham maior risco de hipertensão, sugerindo efeitos potenciais de múltiplas exposições à violência sexual na saúde cardiovascular", afirmou a principal autora, a pesquisadora Rebecca Lawn, da Escola de Saúde Pública de Harvard.

Outros tipos de traumas foram isolados

Lawn e colegas analisaram as associações entre a exposição à violência sexual e a pressão arterial, ao mesmo tempo em que contabilizavam os possíveis impactos da exposição a outros tipos de trauma, como acidentes ou mortes de pessoas próximas, que poderiam influenciar no resultado. 

Para isso, usaram o Nurses’ Health Study II, um estudo longitudinal de mulheres adultas nos EUA que começou em 1989, com 115 mil enfermeiras. Um subgrupo de participantes já havia sofrido assédio sexual no trabalho (físico ou verbal) e experimentado contato sexual indesejado. Foram excluídas mulheres que tinham histórico de doença cardiovascular ou cerebrovascular, e a amostra final foi composta por 33.127 mulheres com idades entre 43 e 64 anos no início do acompanhamento.  

Abuso + assédio = risco mais alto

Em comparação com as mulheres que nunca sofreram nenhum tipo de trauma, as mulheres que sofreram abuso sexual em qualquer momento da vida tiveram maior probabilidade de desenvolver pressão alta, assim como as mulheres que sofreram assédio sexual no local de trabalho. As mulheres que sofreram tanto abuso sexual quanto assédio tiveram o maior risco de desenvolver pressão alta.

Essas associações permaneceram mesmo depois que os pesquisadores contabilizaram vários comportamentos e condições de saúde. Em todas as análises, as ligações entre experiências traumáticas que não tinham relação com violência sexual e pressão alta foram inconsistentes.

Violência sexual e outros fatores de risco

De acordo com a pesquisa, o risco de hipertensão associado à violência sexual ao longo da vida é semelhante, em magnitude, às associações com outros fatores de risco conhecidos, como exposição a abuso sexual na infância ou adolescência, problemas de sono e exposição a poluentes ambientais.

Uma das limitações do estudo é que, apesar de a amostra ser grande, era formada principalmente de mulheres brancas não hispânicas, e todas com a mesma profissão. Como tal, os resultados podem não ser generalizados para outras populações.

De qualquer forma, pesquisas anteriores já comprovaram que experiências de vida estressantes ou traumáticas, incluindo a exposição à violência sexual, estão associadas a problemas de saúde mental e física, como doenças cardiovasculares. Uma análise mais aprofundada pode revelar possíveis caminhos para futuras intervenções.

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