Doutor Jairo
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Gravidez na adolescência tem queda no país

Em 2022, cerca de 14 mil partos envolveram meninas de 10 a 14 anos de idade no país - iStock
Em 2022, cerca de 14 mil partos envolveram meninas de 10 a 14 anos de idade no país - iStock

A semana que engloba o dia 1º de fevereiro é considerada a Semana de Prevenção à Gravidez na Adolescência, no Brasil. E, este ano, o país tem uma boa notícia para celebrar: de 2000 até 2022, houve uma redução de aproximadamente 50% nas taxas de gravidez na adolescência.

“É um número expressivo de queda e eu passo essa notícia com muita satisfação”, comenta a ginecologista Cláudia Barbosa Salomão, que preside o Departamento Científico de Ginecologia da Infância e Adolescência na Sociedade Mineira de Pediatria.

Menos meninas grávidas

Em 2019, houve 420 mil partos em adolescentes. Desse total, cerca de 20 mil partos ocorreram entre meninas de 10 a 14 anos de idade: “Esse é um grupo para o qual damos uma atenção muito especial, já que são adolescentes que, muitas vezes, engravidam por abuso sexual”, explica Cláudia. O restante, cerca de 400 mil partos, envolveram jovens de 15 a 19 anos.

Já em 2022, último ano para o qual já existe uma contagem oficial completa, foram 315 mil partos entre adolescentes, sendo 14 mil na faixa etária entre 10 e 14 anos de idade, e o restante entre 15 e 19 anos.

A médica explica que os anos de 2000 e 2021 foram muito influenciados pela pandemia de Covid-19, mas em 2022, último ano para o qual já existe uma contagem completa, a influência do isolamento já foi menor.

Índices ainda são altos

“Claro que a gente tem muito para trabalhar, ainda, os índices são muito altos”, avalia. Mas ela acredita que é importante celebrar o fato de que, até poucos anos atrás, 20% de todos os partos no país eram de adolescentes. “Hoje temos uma proporção de cerca de 12%”, comemora.

Para a médica, que há anos trabalha com prevenção de gravidez na adolescência, o avanço é resultado do trabalho árduo dos profissionais de saúde que atendem essa população, bem como da mídia responsável, já que os jovens obtêm muita informação pela internet. Além disso, ela acredita que os próprios adolescentes estão mais focados na própria saúde, o que é muito positivo.

Dr. Jairo Bouer

Dr. Jairo Bouer

Médico psiquiatra com formação na Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), biólogo pela UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), e mestre em evolução humana e comportamento pela University College London, além de palestrante e escritor. Twitter: @JairoBouerDr