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Pré-diabetes: saiba quem pode desenvolver a doença em apenas um ano

Há uma ligação clara entre obesidade e o desenvolvimento de diabetes e muitas pessoas não percebem os sintomas - iStock
Há uma ligação clara entre obesidade e o desenvolvimento de diabetes e muitas pessoas não percebem os sintomas - iStock

Redação Publicado em 11/05/2022, às 10h00

Pessoas diagnosticadas com pré-diabetes são avisadas de que essa condição pode progredir para diabetes. Mas quais as chances de isso acontecer rápido, como num espaço de um ano? Pesquisadores decidiram analisar dados de mais de 2 milhões de pessoas para tentar descobrir. O que eles concluíram? 

Em primeiro lugar, é bom entender o que é pré-diabetes. A condição é caracterizada por níveis de açúcar no sangue mais altos que o normal, mas ainda não altos o suficiente para a pessoa ser diagnosticada com diabetes tipo 2. Cerca de um em cada três adultos americanos tem pré-diabetes e mais de 80% não estão cientes disso. No Brasil, cerca de 15 milhões de pessoas são têm pré-diabetes, de acordo com uma pesquisa do Internacional Diabetes Federation (IDF). A condição não costuma gerar sintomas. 

Qual o risco de evoluir para diabetes tipo 2 em pouccos anos?

De acordo com o estudo, cerca de um em cada 20 adultos com 65 anos ou mais com pré-diabetes acabará desenvolvendo a doença dentro de 12 meses, de acordo com a análise. Os dados foram retirados de um grande estudo chamado LEADR - Longitudinal Epidemiologic Assessment of Diabetes Risk (Avaliação Epidemiológica Longitudinal do Risco de Diabetes). 

Do total de participantes, 14,3% dos 50.152 adultos diagnosticados com pré-diabetes evoluíram para diabetes em 2,3 anos. Isso levou a uma taxa de progressão anual estimada de 5,3%.

Fatores que interferem na progressão

No entanto, alguns fatores influenciaram nas probabilidades. O índice de massa corporal (IMC) e o nível inicial de A1C (hemoglobina glicada) - uma medida dos níveis médios de glicose no sangue nos últimos dois a três meses - foram os maiores preditores. Pacientes com IMC e A1C altos foram os mais propensos a desenvolver diabetes, com o risco aumentando à medida que esses níveis aumentavam.

Pessoas com histórico familiar de diabetes e aqueles com hipertensão também tiveraam propensão maior a desenvolver a doença logo. O estudo foi publicado no JAMA Network Open.

As descobertas não chegaram a surpreender os pesquisadores. Isso porque a resistência à insulina é comum entre pessoas com sobrepeso ou obesas. Ter um histórico familiar de diabetes é um forte preditor da doença, e também há uma ligação clara entre a epidemia crescente de obesidade e as taxas cada vez mais altas de diabetes tipo 2.

Como controlar o pré-diabetes

Se você for diagnosticado com pré-diabetes, é importante agir rapidamente, pois se trata de um sinal de alerta significativo. É como se seu organismo dissesse: "Se não nos virarmos agora, será tarde demais”. A melhor providência a tomar é adotar, o quanto antes, um estilo de vida saudável, que inclua uma dieta bem equilibrada e uma contagem diária de 8.000 a 10.000 passos por dia se tiver menos de 60 anos, ou 6.000 a 8.000 para indivíduos com 60 anos ou mais.

O recomendado é aumentar o número de vegetais que você come e incrementar a prática de atividade física. Você e sua família podem escolher o que gera mais prazer, como dança, caminhada, esportes aquáticos ou ciclismo. Além disso, você também pode melhorar sua contagem diária de passos com mudanças simples, como subir as escadas em vez de usar elevadores, ou caminhar ao redor do local de trabalho quando tiver uma pausa.

A perda de peso, fazer o possível para evitar o estresse e dormir regularmente também podem ajudar, segundo especialistas. Quanto mais cedo o pré-diabetes for diagnosticado, maiores serão nossas as chances de intervir e prevenir a progressão para o diabetes. Por isso exames de rotina são importantes. 

Como impedir que o pré-diabetes se transforme em diabetes

Se você estiver preocupado com o risco de pré-diabetes e diabetes, converse com um profissional de saúde. Infelizmente, ambas as condições tendem a ser silenciosas e a maioria das pessoas é diagnosticada acidentalmente, quando faz exames laboratoriais por outros motivos, ou quando já apresenta complicações. Ainda assim, há muito que você pode fazer para interromper ou reverter sua progressão com a ajuda de um médico ou endocrinologista – quanto mais cedo, melhor.

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