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Depressão, ansiedade e obesidade: existe ligação entre elas?

No Brasil, cerca de 50 milhões de pessoas sofrem algum tipo de doença mental - iStock
No Brasil, cerca de 50 milhões de pessoas sofrem algum tipo de doença mental - iStock

Redação Publicado em 01/07/2022, às 12h00

Pode ser difícil lidar com a ansiedade e a depressão, mas seu peso corporal não é o único determinante das condições de saúde mental que você pode experimentar. Todos os corpos são diferentes. De acordo com Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, cerca de 42% da população norte-americana têm obesidade. A Aliança Nacional de Doenças Mentais relata que 1 em cada 5 adultos no país sofre de doença mental. No Brasil, cerca de 50 milhões de pessoas sofrem algum tipo de doença mental, segundo dados da Associação Brasileira de Psiquiatria.

Embora os especialistas ainda estejam tentando determinar exatamente como esses distúrbios comuns estão conectados, eles sabem que existe uma ligação e milhões pessoas são afetadas. Compreender como a saúde mental e o peso corporal estão ligados pode ajudar na melhor defesa da saúde geral.

A ligação entre obesidade e ansiedade

Uma pesquisa mostrou que a obesidade está associada a aproximadamente 25% de aumento do risco de desenvolver transtornos de humor e ansiedade. Mas mais pesquisas são necessárias porque este estudo não mostra se a obesidade causa esses distúrbios ou vice-versa. A obesidade é definida como tendo um índice de massa corporal (IMC), uma medida de gordura corporal com base na altura e peso, de 30 ou superior. Mas é sugerido não usar apenas essa ferramenta para determinar condições de saúde ou opções de tratamento.

De acordo com um estudo de 2015, o IMC apresenta limitações na determinação da massa de gordura corporal. Especialistas sugerem que se preocupar com o ganho de peso ou abrigar sentimentos negativos sobre a própria imagem pode causar ansiedade. Um grande estudo de 2017, feito com estudantes do ensino médio, mostrou que a insatisfação com a imagem corporal é concomitante com sintomas de transtornos de ansiedade, como transtorno de ansiedade generalizada (TAG), síndrome do pânico, transtorno de ansiedade social e ansiedade escolar.

A ansiedade está associada ao aumento da atividade em uma parte do cérebro conhecida como eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HPA). Um estudo de 2009 com ratos sugeriu que o apetite pode aumentar quando o eixo HPA não funciona corretamente, o que pode levar ao ganho de peso. Outro estudo com animais, de 2021, publicado na Molecular Psychiatry também descobriu insights sobre a ligação entre obesidade e saúde mental. Os pesquisadores descobriram que um circuito neural no cérebro que regula o humor e o apetite pode ser um alvo-chave para ambas as condições. Quando deram aos ratos uma combinação de duas drogas que atuam nesse circuito, os animais sentiram menos ansiedade e perderam peso.

Alguns sintomas de ansiedade podem incluir:

-sentimentos de preocupação ou medo que interferem na vida cotidiana;
-inquietação, irritação, ansiedade e sentir-se no limite;
-problemas de concentração;
-fadiga;
-dificuldades em adormecer ou permanecer dormindo;
-dores de cabeça inexplicáveis, dores de estômago ou outros tipos de dor.

A ligação entre obesidade e depressão

De acordo com Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), cerca de 43% dos adultos com depressão de 2005-2010 tinham obesidade. Adultos diagnosticados com depressão são mais propensos a serem obesos do que aqueles sem o transtorno. A pesquisa também sugeriu uma relação inversa entre depressão e obesidade. De acordo com um grande estudo de 2014, a depressão tem maior prevalência em pessoas obesas ou com baixo peso.

Embora as razões exatas para essa associação não sejam conhecidas, fatores genéticos, sociais e ambientais provavelmente estão em jogo. Além disso, medicamentos antidepressivos usados para tratar a depressão podem desencadear ganho de peso em alguns indivíduos. A depressão pode promover baixa energia, possivelmente levando a menos atividade física e, em última análise, ganho de peso.

Sinais comuns de depressão podem incluir:

-tristeza grave ou persistente;
-sentimentos de desesperança, inutilidade, culpa, irritabilidade ou negatividade;
-perda de interesse em atividades que antes eram agradáveis;
-fadiga;
-dificuldade de concentração;
-problemas de memória;
-problemas para dormir;
-mudanças de peso;
-pensamentos de suicídio ou morte;
-dores de cabeça inexplicáveis, dores de estômago ou outros tipos de dor.

Cuidar da sua saúde mental e física

Cuidar do seu corpo, tanto física quanto mentalmente, pode ajudar a melhorar sua saúde geral e ajudá-lo a se sentir melhor. Considere as seguintes dicas para se nutrir:

  • Seja ativo: o exercício regular pode ajudar com a depressão e melhorar seu humor. Não importa se você se movimentar por 15 minutos ou uma hora por dia, tente se envolver em atividades que sejam boas para seu corpo.
  • Coma bem: considere comer frutas e vegetais que contêm vitaminas, minerais e fitonutrientes essenciais para mantê-lo saudável.
  • Mantenha-se hidratado: beber mais água ao longo do dia pode melhorar sua saúde mental. Estudo de 2014 indica que a baixa ingestão diária de água está associada à diminuição da calma, satisfação e emoções positivas.
  • Conecte-se com outras pessoas: uma forte rede de apoio social reduz os níveis de estresse em algumas pessoas.
  • Mantenha um diário de gratidão: exercícios diários de gratidão podem ajudá-lo a controlar seu humor.
  • Experimente a meditação: as práticas de meditação e relaxamento podem ajudar a melhorar seu bem-estar físico e mental.
  • Traga mais natureza ao seu dia a dia: ela pode ajudar a diminuir os sintomas da depressão e aumentar a energia. Tente passear em parques, regiões abertas com muita vegetação, plantas e árvores.
  • Considere ajuda profissional: conversar com um especialista em saúde mental pode ajudá-lo a reconhecer seus gatilhos e implementar estratégias úteis.

Via: PsychCentral

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