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Culpa pela epidemia de obesidade pode não ser das calorias

Imagem Culpa pela epidemia de obesidade pode não ser das calorias

Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h16 - Atualizado às 23h57

As pessoas costumam culpar os quilos a mais na balança pelo excesso de guloseimas ofertadas nos supermercados e nos comerciais de TV, mas uma análise mostra que é o sedentarismo, e não a ingestão calórica, o grande vilão da obesidade nos EUA. Especialmente entre mulheres jovens.

O estudo, publicado no American Journal of Medicine, revela que houve uma diminuição acentuada na prática de atividade física no tempo livre nos últimos 20 anos, o que resultou no aumento médio do Índice de Massa Corporal (IMC). Já a quantidade de calorias consumidas permaneceu estável no período.

Os pesquisadores, da Universidade de Stanford, analisaram dados de um grande levantamento, chamado National Health and Nutrition Examination Survey (Nhanes), que compreende os intervalos de 1988 a 1994 e de 2009 a 2010.

De acordo com os dados, o número de adultas norte-americanas que relataram não praticar qualquer atividade física saltou de 19,1%, em 1994, para 51,7%, em 2010. Entre os homens, o número aumentou de 11,4%, em 1994, para 43,5%, em 2010.

Durante o mesmo período, a média do IMC aumentou de forma generalizada, sendo que a maior elevação ocorreu entre mulheres de 18 a 39 anos. Também foi registrado aumento na circunferência da cintura, mesmo em pessoas com IMC dentro da normalidade, segundo o autor principal do estudo, o professor Uri Ladabaum.

Esse aumento na cintura, que caracteriza a obesidade abdominal, é um indicador de mortalidade. O problema é definido por uma circunferência, nas mulheres, de 88 cm ou mais, e de 102 cm ou mais para os homens. O trabalho mostrou que a medida média aumentou 0,37% ao ano para as mulheres e 0,27% ao ano para os homens. De novo, o sexo feminino foi o mais afetado.

Ainda de acordo com os dados, as mulheres negras e as mexicanas foram as que apresentaram as maiores reduções na quantidade de exercício praticado. Para os pesquisadores, entender melhor as causas da obesidade e os grupos mais afetados pode resultar em políticas mais bem-sucedidas no combate ao problema.