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Concentração de esperma caiu pela metade em 40 anos, aponta pesquisa

Para especialistas em saúde reprodutiva, os novos dados mostram que a tendência parece ser um fenômeno mundial - iStock
Para especialistas em saúde reprodutiva, os novos dados mostram que a tendência parece ser um fenômeno mundial - iStock

Redação Publicado em 16/11/2022, às 11h30

Um estudo publicado na revista Human Reproduction Update ontem (15), no mesmo dia em que o planeta chegou à marca de 8 bilhões de habitantes, mostrou que a humanidade pode enfrentar uma crise reprodutiva em breve. A pesquisa, baseada em 153 estimativas de homens, aponta que a concentração média de espermatozoides caiu de uma estimativa de 101,2 milhões por ml para 49,0 milhões por ml entre os anos de 1973 e 2018 – representando uma queda de 51,6%. Já a contagem total de espermatozoides caiu 62,3% durante o mesmo período.

Outra pesquisa realizada pela mesma equipe, em 2017, já havia descoberto isso. No entanto, naquela época, a falta de dados para outras partes do mundo fez com que as descobertas se concentrassem em uma região que abrangia Europa, América do Norte e Austrália. O estudo atual inclui dados mais recentes de 53 países. Quedas na concentração de espermatozoides foram observadas não apenas na região previamente estudada, mas na América Central e do Sul, África e Ásia. Isso aponta que algo precisa ser feito para combater esta diminuição, alertaram os pesquisadores, pois o declínio está acelerado.

Os pesquisadores têm analisado dados coletados em todos os continentes desde 1972 e descobriram que as concentrações de esperma diminuíram 1,16% ao ano. No entanto, quando analisaram apenas os dados apurados desde 2000, a queda foi de 2,64% ao ano. O professor e primeiro autor da pesquisa, Hagai Levine, da Universidade Hebraica de Jerusalém, mostrou-se preocupado, chegando a declarar que algo está errado com o planeta e que alguma coisa precisa ser feita a respeito, antes que a situação chegue a um ponto irreversível.

Queda na capacidade de reprodução

Pesquisas anteriores sugeriram que a fertilidade poderia ser comprometida se a concentração de esperma caísse abaixo de cerca de 40 milhões por ml. Embora a estimativa mais recente esteja acima desse limite, Levine observou que esse é um valor médio, sugerindo que a porcentagem de homens abaixo desse limite teria aumentado. E que isso aponta claramente para a queda da capacidade de reprodução da população.

O estudo levou em conta fatores como idade e quanto tempo os homens ficaram sem ejaculação, e excluiu aqueles que eram inférteis. Porém, ele tem limitações, incluindo o fato de não analisar outros marcadores de qualidade do esperma.

Embora não esteja claro o que pode estar por trás desse declínio, uma das hipóteses é que produtos químicos desreguladores endócrinos ou outros fatores ambientais podem desempenhar um papel, agindo sobre o feto no útero. Especialistas dizem que fatores como fumar, beber, estar acima do peso e manter uma dieta pobre em nutrientes também podem desempenhar um papel, e que um estilo de vida saudável pode ajudar a aumentar a contagem de espermatozoides.

Para especialistas em saúde reprodutiva masculina, os novos dados mostram que a tendência parece ser um fenômeno mundial. E que isso pode significar que os casais estão levando mais tempo para conceber e, para muitos, o tempo não está do lado deles, pois estão atrasando a tentativa de conceber até que a mulher esteja na casa dos 35 ou 40 anos, quando a fertilidade já está reduzida.

Porém, essas questões não são apenas um problema para casais que tentam ter filhos. Isso também será um grande dilema para a sociedade nos próximos 50 anos, pois cada vez menos jovens estarão por perto para trabalhar e dar suporte ao aumento crescente de idosos.

Fonte: The Guardian

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