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Astrid Fontenelle sobre racismo que filho sofreu: “Ficou desnorteado”

Astrid Fontenelle e o filho Gabriel, de 13 anos - Reprodução / Instagram
Astrid Fontenelle e o filho Gabriel, de 13 anos - Reprodução / Instagram

Redação Publicado em 29/07/2021, às 13h00

Astrid Fontenelle usou o Instagram para desabafar sobre o episódio de racismo que o filho, de 13 anos, vivenciou. A família estava passando as férias na Praia do Morro de São Paulo, na Bahia, quando o menino Gabriel foi confundido com um funcionário do hotel.

Hoje cedo, na praia, [Gabriel] foi vítima de racismo estrutural; a fulana o ‘confundiu’ com o funcionário do hotel que atende à praia. Pediu um colchonete pra ele. Mandei ela buscar no quiosque. Ficou com cara de espanto; como??! Na testa [estava] escrito ‘mas ele não trabalha aqui?’. Sim, na cabeça dessa certamente basta ser preto pra ser o serviçal e aí está o racismo estrutural que gente como a tal senhora não quer entender. [Ela] me disse que ‘era coisa da minha cabeça’, falou que eu [estava] dando show porque era artista”, escreveu a apresentadora.

“Sou uma mulher bem informada, que além de não ser racista, sou antirracista! Esse é meu compromisso. Com meu filho e com qualquer outra pessoa preta. Esse olhar ‘erradérrimo’ da sociedade é proibitivo!!  No final ela pediu desculpas pra ele. E eu ofereci um presente: o livro que estou lendo, Escravidão, do Laurentino Gomes. Ela não aceitou. Ele ficou desnorteado. Triste. Eu fiquei put*. Triste. Mas ainda bem que aconteceu comigo ao lado dele. Temos um longo caminho pela frente”, finalizou.

Jovens enfrentam sentimento de desamparo quando expostos ao racismo

Um estudo qualitativo publicado na JAMA Network Open mostra como os adolescentes se sentem quando falam sobre o tema. Segundo a pesquisa, os jovens expressaram sentimentos de desamparo quando expostos ao racismo proveniente da internet. Isso foi ilustrado por citações, como “[eventos racistas são] apenas mais um dia na vida”, referindo-se ao racismo como algo rotineiro e imutável, e dizendo: “não há nada que eu possa fazer”. No entanto, muitos adolescentes também enfatizaram o ativismo como uma forma de lidar com essa situação, além de ajudar a diminuir sentimentos negativos.

Estudo ainda mostrou que jovens se sentem subestimados

A equipe de estudo conduziu quatro grupos focais de 18 adolescentes em toda a área de Chicagoland, entre novembro de 2018 e abril de 2019. O resultado mostrou que os adolescentes achavam que os adultos subestimavam o quanto vivenciavam a discriminação ao seu redor. Um adolescente disse: “É engraçado porque muitas pessoas pensam que os adolescentes não têm consciência social, mas quando me junto com meus amigos para falar sobre isso, não paramos mais”.

Confira:

É importante destacar que esse estudo – que ocorreu antes da onda de violência racializada contra negros americanos divulgada no verão de 2020 – enfatiza a necessidade de estudar como os adolescentes respondem ao presenciar esses eventos. A Dra. Nia Heard-Garris declara: “Investigar a exposição e a resposta de adolescentes ao racismo on-line se mostra crítico devido às mudanças negativas no estado emocional e à saúde física e mental potencialmente adversa ao longo da vida”.

Os pesquisadores também destacam que “este estudo está alinhado com estudos anteriores, que demonstram que a coesão social ou conectividade pode amortecer a influência negativa que o racismo tem sobre a saúde em geral, e os benefícios do ativismo podem ser porque os adolescentes podem se conectar a uma rede social maior para ter suporte, apoiar e participar da ação coletiva”.

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