Ambientes de trabalho tóxicos triplicam o risco de depressão

Um estudo populacional feito pela Universidade do Sul da Austrália descobriu que trabalhadores de empresas que não priorizam a saúde mental têm o triplo de chances de serem diagnosticados com depressão. 

Segundo os pesquisadores, a má saúde mental no local de trabalho pode ser associada à falta do chamado Clima de Segurança Psicossocial (PSC), um termo usado para descrever práticas de gestão e sistemas de comunicação e participação que protegem a saúde e a segurança mental dos trabalhadores. A carência do PSC resulta, portanto, em altas demandas de trabalho e baixos recursos. 

Em outras palavras, os achados – publicados no British Medical Journal – revelaram que as empresas que não recompensam ou reconhecem o desempenho e esforço dos seus funcionários, que impõe demandas irracionais e não lhes dão autonomia, estão colocando-os sob um risco muito maior de depressão. 

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O estudo, que acompanhou 1084 pessoas ao longo de um ano, observou ainda que, embora alguns trabalhadores entusiasmados e comprometidos sejam valorizados, trabalhar por muitas horas seguidas também pode levar à depressão. 

Além disso, os homens são mais propensos a ficarem deprimidos se seu local de trabalho não fornece a atenção necessária para a sua saúde psicológica. 

Síndrome de burnout e bullying

Um outro dado que a pesquisa revelou foi que os altos níveis de burnout e bullying no local de trabalho também podem estar ligados à falha das organizações em apoiar a saúde mental dos funcionários. De acordo com os autores, empresas com baixos níveis de PSC são um preditor importante para o bullying e a exaustão emocional.

As descobertas mostraram ainda que o bullying no trabalho pode não só afetar negativamente a vítima, mas também quem o pratica e os membros da equipe que presenciam esse comportamento. Assim, não é incomum que todos experimentem burnout (distúrbio psíquico causado pela exaustão extrema) como resultado. 

Os pesquisadores explicam que o estresse, às vezes, pode funcionar como um gatilho para o bullying e, nos piores casos, pode definir um nível de comportamento considerado “aceitável” pelos outros membros da equipe. Entretanto, o mais importante é que a prática pode ser evitada a partir do compromisso da empresa com a saúde mental dos trabalhadores. 

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Custos altos para a empresa

Estima-se que a depressão afeta cerca de 300 milhões de pessoas em todo o mundo, havendo uma tendência crescente de prestar mais atenção aos ambientes de trabalho que não garantem apoio à saúde mental e podem contribuir para o desenvolvimento do problema. 

Os custos globais para as empresas do bullying no local de trabalho e do burnout dos funcionários, por exemplo, são bastante significativos, manifestando-se através das faltas, baixo desempenho e engajamento, licença por estresse e queda na produtividade.

A equipe envolvida no estudo enfatiza que as descobertas são de longo alcance, trazendo à tona que questões envolvendo a saúde mental são extremamente caras para as organizações e, consequentemente, mudanças são necessárias para resolver esse problema. 

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