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É preciso levar a ressaca em conta ao planejar quem vai cuidar da criança

Imagem É preciso levar a ressaca em conta ao planejar quem vai cuidar da criança

Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h56 - Atualizado em 09/10/2020, às 15h18

Nesta época do ano, quem tem filho pequeno costuma fazer uma série de preparativos para os feriados e as festas, como comprar protetor solar, chapéu, brinquedo, comida, água etc. Mas poucos são os pais que colocam no planejamento o consumo de álcool. O problema é que tomar conta de criança embriagado ou mesmo de ressaca é algo muito arriscado.

O alerta é de pesquisadores do hospital infantil ligado à Universidade de Michigan, nos EUA, que acabam de divulgar um relatório com base em entrevistas com 1.170 pais de crianças de 0 a 9 anos.

Eles descobriram que três em cada dez deles, ou 29% da amostra, tinham alguma história para contar sobre alguma situação de risco vivenciada pelo filho por causa do consumo de bebida por adultos que cuidavam dele. Em geral, a experiência envolvia alguém que estava bêbado demais para cuidar da criança (61%) ou para agir numa eventual emergência (48%).

Para uma parcela menor, porém preocupante, de 37%, a história envolvia alguém que dirigiu embriagado com a criança no carro. Em 28% dos relatos, o adulto ficou violento ou fora de controle na frente da criança, e em 7% dos casos o filho chegou a ser ferido por causa desse adulto alcoolizado.

Um em cada 12 pais (ou 8% da amostra) admitiu que já bebeu além da conta enquanto cuidava do filho ou de alguma outra criança. A mesma proporção reconheceu que, nessas situações, seu julgamento foi afetado pelo álcool.

Apesar de a maioria dos pais, ou cerca de 70%, ter dito que se planeja para não dirigir depois de beber, ou designa alguém que não bebe para ficar com as crianças durante a festa, muito poucos levam em consideração o dia seguinte. A ressaca também altera bastante a capacidade de reação, ainda que a pessoa não esteja com sono, dor de cabeça ou enjoo. Nessas horas, não dá para pensar em dirigir ou ficar de olho no filho que está na piscina, por exemplo.

A maioria dos entrevistados afirmou que consome bebidas alcoólicas em eventos especiais. Trinta e seis por cento dos pais responderam que isso acontece “às vezes”. Para 27%, “muitas vezes”, e 17% disseram que “raramente” bebem. E apenas 47% planejam com antecedência o quanto vão ingerir de álcool na festa.

Um dado importante é que os pais que bebem às vezes ou raramente são justamente os que menos se preocupam em designar alguém para dirigir ou cuidar da criança no dia seguinte.

Para evitar a embriaguez, comer bem e alternar o consumo de bebida alcoólica com água ou suco são medidas que devem ser colocadas em prática sempre. Porém, se você não tem certeza se há algum adulto sóbrio e responsável de olho nas crianças, inclusive no dia seguinte, é melhor se prevenir do que remediar. Lembre-se que canja de galinha e café forte não cortam os efeitos do álcool.